Agora, digamos que, para conseguir este mesmo brinquedo que tanto queria, esta criança precisasse juntar meses de dinheiro de sua mesada, negociar com o pai (ou com a mãe) e fazer altas concessões, como deixar de sair com os amigos para ajudar nos afazeres de casa – e, assim, ganhar mais grana para compra-lo. Você pode ter certeza de que essa criança irá amar esse brinquedo como nenhum outro e terá orgulho de exibi-lo, como se fosse um prêmio.
Acho que o cérebro humano possui um "defeito de fabricação" em seu subconsciente que automaticamente encara as dificuldades como desafios emocionantes e uma possibilidade de superar as próprias expectativas. Mas é aquela tal história: até que ponto encontrar dificuldades e se sentir desafiado é bom?
Sem o intuito de generalizar, porque acredito que (ainda) existam pessoas que façam isso com a maior ingenuidade e boa intenção possível, acho que a maior parte dos "pavões" que existem por aí – sejam homens ou mulheres – precisam baixar a bola e criar mais humildade (se é que é possível) na hora de conquistar. O significado da própria palavra pode criar armadilhas do que isso possa ser na prática, mas, em se tratando de relacionamento, conquistar, ao meu ver, é mostrar merecimento. Mostrar que você merece uma chance da outra pessoa através de boas intenções, boa conversa e, principalmente, boas atitudes. Porque palavras o vento leva, mas atitudes são marcantes e vão definir de verdade qual é a sua.
Tanto para quem aborda, quanto para quem espera, ir com calma é importante. Desculpem-me os ousados e os ansiosos, mas eu, como a ansiedade em pessoa, já constatei que se apressar não leva a nada. Quase nunca atropelar as coisas é uma boa escolha; na maioria das vezes, só vai trazer uma futura sensação de frustração. Parecida com aquela de quando você tira o bolo do forno antes da hora, sabe? Outra lição importante que aprendi com o tempo é que só ele é capaz de trazer coisas que realmente valem a pena. Às vezes você se sente sem forças, acha que já conheceu todo mundo que tinha para conhecer, que já passou por todos os relacionamentos possíveis, mas aí o tempo te mostra que ainda existem pessoas para conhecer e coisas para aprender. O tempo sempre te surpreende…
Em suma, goste você ou não de um bom jogo de conquista, ele é necessário e, em algum momento, vai fazer você sofrer, agonizar e enlouquecer de ansiedade. Faz parte do convívio humano e faz parte do que inconscientemente valorizamos (vai entender?). E não pense que é só no começo do relacionamento: ao longo dele, isso também acontece. Ele é o oposto do que costumam chamar de "comodismo", já ouviu falar?
Eu ainda sou do time que acha que deve existir um equilíbrio pra tudo: quando uso a expressão "jogo de conquista", não me refiro a pessoas mau caráteres que pisam no outro só para fortalecer o próprio ego. Isso é jogo sujo, é ser cruel e maldoso. Não: jogo de conquista é uma coisa saudável que o casal, seja no começo ou ao longo da relação, faz para mostrar ao outro que ninguém depende de ninguém, mas que ambos estão juntos simplesmente porque querem. É não se prender ao outro por coisas supérfulas, é não sufocar ou transformar um lazer, por exemplo, em obrigação. É mostrar que os dois querem crescer (e envelhecer) juntos por opção. É amar com liberdade e respeito. Se é difícil? Ô se é. Mas é só assim que um vai manter o valor e o interesse no outro. E nada nessa vida é impossível de aprender; se você se julga incapacitado(a) para lidar com esse tipo de situação, pare de pensar assim agora mesmo e vá praticar. Nada como um bom treino para chegar à perfeição – ou bem perto dela.
por Marcéli Paulino
Me chamo Marcéli Paulino, nascida em 16 de Julho de 1988, e sou bacharel em Tradução e Interpretação, curso que iniciei com 17 anos! Um pouco antes de me formar, já me interessava muito por moda e sabia que queria estudar e atuar na área. Então, assim que peguei meu diploma, foi o que fiz: procurei formações na área, que era meu sonho…