A pressão do padrão estético para TODAS as mulheres

Pressão estética. Julgamentos. Dedos apontados. Críticas. Exigências. São alguns fatores alimentados por uma sociedade machista que afetam TODAS AS MULHERES DO PLANETA. Sem exceção, não importando qual seu peso, sua altura ou sua orientação sexual.

Eu sou uma pessoa totalmente a favor de, cada vez mais, lutarmos por uma sociedade igualitária, sem preconceitos ou estereótipos pré-estabelecidos, não importa para qual fim. E hoje, vim dar o parecer de uma mulher que, SIM, já sofreu julgamentos, já lutou pra estar dentro de um padrão estético e que hoje, curiosamente, se sente um pouco julgada por, de repente, estar “do outro lado do time”. Esta mulher sou eu.

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Muito antes de eu sequer saber o que significa amor próprio, eu era uma garota muito insegura. Sempre fui. Já falei isso aqui e em alguns Stories no Instagram: meu sonho era ter o corpo da Gisele Bundchen. Padrão que, durante anos, foi esfregado na nossa cara como perfeito. Culpa da Gisele? Jamais. Culpa da sociedade. Mas volto nesse ponto mais tarde.

A MARCÉLI DE UNS ANOS ATRÁS…

Eu sou baixa, tenho 163cm, pernas grossas, bundão e nunca, até descobrir o que era amor próprio, conseguia ser feliz com essas características. Hoje entendo por que me chamavam de louca, mas, na época, era muito óbvio pra mim o motivo de eu não me amar. Assim como também era óbvia, pra mim, a frustração de muita colega e amiga, quando se olhava no espelho e não se enxergava nas revistas, nos outdoors, nos filmes. Porque o estereótipo ‘modelo de passarela’, magérrima e alta, era esfregado o tempo todo na nossa cara como o único meio de ser bonita, de ser admirada e mais: de se sentir digna. Eu sei que isto ainda acontece, mas, talvez em menor proporção por conta da [feliz] revolução que nossa sociedade vem sofrendo, mesmo que em doses homeopáticas.

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Então, sim: eu, com meus 163cm de altura, com minha bunda de 98cm, meu pouco seio e perna/panturrilha grossa, me achava bizarra. Feia, torta. Odiava quando uma calça ficava justa na minha perna, quando colocava uma saia mais curta e marcava minha bunda. Eu sofria. Cheguei a ter princípio de anorexia na adolescência. Aliás, difícil saber quem não teve, nessa época.

PERFEITA” POR FORA, TODA ERRADA POR DENTRO

E por que eu estou contando isso? Pra te mostrar que, embora eu pareça “perfeita” nas fotos, “dentro dos padrões de beleza” de hoje, que vêm sido [re]moldados, eu já me senti fora deles e sei o que é sofrer com isso. De nenhuma forma, dentro e fora do meu trabalho, que é criar conteúdo de Moda, Beleza e Lifestyle, eu pretendo impôr qualquer padrão. Em primeiro lugar, porque apesar de me considerarem “padrão”, eu não acredito que seja tanto assim. Ainda acho que, intrinsecamente, o padrão modelo de passarela ainda é imposto, de alguma forma.

E, em segundo lugar, porque eu não acredito em padrões. Eu acredito que cada mulher é da forma que é e precisa encontrar a felicidade e o amor próprio sendo assim. Mudar apenas se quiser, quando quiser, sem se sentir na obrigação de se encaixar em nada. Colocar silicone se quiser, ficar com peito pequeno se quiser, fazer lipo se quiser, se manter gorda se quiser. E fim.

Porque isso foi algo que eu fiz por muito tempo: tentava me encaixar no peso e nas medidas das modelos de passarela, porque eu achava que só teria a admiração dos outros [e, no fundo, a minha própria] se ficasse como elas. E, por experiência própria, a única coisa que conseguimos com isso é 1) nos frustrar e 2) alimentar ainda mais essa mentalidade geral doentia de estipular padrões.

VOCÊ É BONITA – E NÃO PRECISA QUE NINGUÉM TE DIGA ISSO

Ser magra é bonito; ser gorda é bonito; ser tamanho médio, se é que existe essa nomenclatura, é bonito. Você é bonita da forma que é e de acordo com o que carrega dentro de si. Hoje eu sou capaz de identificar a beleza que há em mim, não porque “é fácil falar, ela é magra“, como alguns dizem por aí. Mas porque eu trabalhei, muito minuciosamente e por muito tempo, esse tal de amor próprio que tanto se fala hoje.

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Se alguém fala que eu tenho celulite como se estivesse fazendo uma crítica super pesada, minha reação, hoje, é rir e falar: considerando que sou mulher de carne e osso, eu tenho sim. Isso não destrói mais o meu dia como um dia já destruiu. Até se alguém chega e fala algo negativo a respeito do meu cabelo, ou do look que estou usando, ou da maquiagem: minha reação é simplesmente rir e tocar o famoso f*d@-se. Porque HOJE eu sei que a primeira opinião que valida minha imagem é a minha própria. Se eu estou bem, se me sinto bem, não me interessa qualquer outra opinião. Até mesmo de familiares, amigos ou do meu noivo.

Não vou dizer que sempre que me olho no espelho me acho perfeita, maravilhosa; nem que, de vez em quando, não encontro alguma coisa em mim que eu gostaria de mudar, porque, às vezes, acontece. É normal. Mas é muito mais fácil lidar com meus defeitos hoje, porque hoje eu me amo. Hoje, ao olhar algo que gostaria de mudar, não ajo de forma autodepreciativa. Pelo contrário: enfatizo para mim mesma as minhas qualidades. Antigamente, eu me odiava e travava batalhas intermináveis comigo mesma em frente ao espelho, me xingando, dizendo a mim mesma que “eu não era boa o bastante”. Mas hoje eu sei que eu sou, sim. E, com todos os meus defeitos, físicos e psicológicos, eu sempre serei. Sempre vou me bastar. E você também deveria dizer o mesmo para si.

O OUTRO LADO DA MOEDA

Mas, falar de padrões de beleza na minha posição, hoje, talvez seja algo próximo de um homem falar sobre o feminismo: é relativamente invalidado, porque, apesar de eu já ter sofrido com imposições, apesar de já ter sido muito julgada, eu também sempre fui elogiada (mesmo nem sempre concordando com os elogios). E, de certa forma, antigamente ou hoje, eu sou considerada ‘padrão’ – concordando ou não com isso.

O que significa que, de fato, eu nunca saberei o que uma garota que pesa 200kg, por exemplo, passa. Ou alguém que, de qualquer outra forma, está totalmente fora da curva destes padrões que a sociedade admira. Mas eu posso me solidarizar totalmente com isso e é isso que tento fazer diariamente. E confesso que esta reflexão me fez levantar, aqui, outro tema muito importante que merece atenção, a meu ver: será que você, pessoa “fora dos padrões”, não nutre algum tipo de revolta/raiva por quem está dentro deles, inconscientemente?

O PROBLEMA É O PADRÃO CRIADO E NÃO AS PESSOAS QUE ESTÃO DENTRO DELE

Porque ESTAR nos padrões não é o problema. O problema é o padrão existir. É isso que segrega, que desestimula, que violenta psicologicamente. Hoje mesmo, numa conversa com uma amiga, ela me disse:você se esforça para estar no padrão e agora reclama que está no padrão“. Na minha opinião, a gente pode se esforçar OU NÃO para estar onde quiser. Só nós podemos saber o nosso lugar, o que queremos pra nós mesmas. Minha “preocupação”, digamos, é a forma como sou interpretada por conta disso. É isso que vim esclarecer hoje aqui.

CADA UM PODE BUSCAR SER O QUE QUISER – E TÁ TUDO BEM!

Eu não diria que me esforço, mas, SIM, eu treino e mantenho uma alimentação minimamente saudável, por exemplo, porque isso me faz sentir bem comigo mesma. Não porque eu procuro aprovação de ninguém, mas, porque eu gosto de olhar no espelho e de enxergar o que eu sou hoje. Dentro da minha ótica, eu sei que malhar não vai me fazer ficar com a perna fina como a da Alessandra Ambrósio, e tudo bem. Eu sei, hoje, que dançar ballet, algo que amo fazer, ou que treinar musculação, algo que também adoro fazer, vai me dar aquilo que busco A) no âmbito psicológico, que é me desestressar, e B) no âmbito físico, aquilo que já faz parte do meu biotipo: conservar bundão/pernão. Essa é a estrutura do meu corpo e nada vai mudar isso. Então eu irei conservá-lo da melhor forma que eu puder!

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Mesmo que eu seja magra e que exponha minha rotina de treinos, não significa que eu acredite que todo mundo precisa ser igual a mim. Longe disso. Eu uso minha imagem para falar de moda, que é algo que amo fazer, mas, nem de longe quero que as pessoas acreditem que precisam ser como eu. Eu amo a diversidade e adoro poder ajudar cada seguidora/leitora a valorizar o que possui de mais lindo em si. Jamais pensaria em doutrinar alguém pra seguir meus passos. Meu intuito, enquanto influencer, é bem o contrário disso. É fazer cada mulher enxergar em si o seu próprio potencial e trabalhá-lo da melhor forma, através da imagem.

MORAL DA HISTÓRIA

Aqui dentro da “menina nos padrões” existiu alguém que se odiava e que aprendeu a se amar. Então, da minha maneira, eu acredito passar isso para as pessoas. Quem está de fora pode achar que é fácil eu me amar, mas, um dia, lá atrás, já foi bem difícil. E sofrido.

Portanto, não se deixe cegar pela militância a ponto de odiar pessoas que estejam, aparentemente, fora do seu círculo de luta. Elas podem muito bem simpatizar com sua causa e fazer a parte delas para te ajudar – E MAIS: elas têm suas batalhas, as quais você desconhece. Avalie isso, antes de mais nada. Vá a fundo antes de julgar. Conheça, estude, converse. Não leve para o lado pessoal aquilo que, muito provavelmente, nunca foi algo para te atingir pessoalmente. Cuide do seu emocional para saber filtrar com sabedoria toda informação que chega até você.

O diálogo ainda é e sempre será a melhor maneira de encontrar um equilíbrio.

MAIS: Brega é julgar pela roupa

beijos sempre sinceros,

Marcéli

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