Vamos enriquecer um pouco nosso conhecimento sobre moda? Afinal, este é um segmento que não abrange apenas o âmbito do consumo e da futilidade, como também, os âmbitos histórico, político e social, sim senhores. Estes, aliás, diria serem os aspectos principais a serem analisados.
Passei um bom tempo estudando o assunto, no curso que fiz em Londres (Comunicação em Moda) para uma apresentação de trabalho – sobre a cor branca e sua relação com a moda – e achei que seria um desperdício não compartilhar este conhecimento com vocês.
O que é a cor branca para você? Não vale falar que “é neutro”, ou “que engorda”. Tudo bem, ele até tem, fisicamente falando, a função de ampliar e tornar nítido, uma vez que é a reflexão de todas as cores. Mas, a cor branca não foi preferência na Grécia Antiga e durante muito tempo na Idade Média à toa!
No trabalho “em grupo” que fiz na ocasião, no meu curso (entre aspas, porque foi aquele famoso – em-grupo-que-você-faz-tudo) fiquei com a parte de analisar a história da cor, o que me fez descobrir muitas coisas legais. Como, por exemplo, saber que quando ainda não havia eletricidade, o branco era escolhido por ser a única cor que se sobressaía à luz de velas (ou ‘ausência de cor’, se preferir chamar assim).
Além de sua confecção ser mais barata, porque dispensava o uso de tingimentos (e o trabalho manual extra de tingir os tecidos), a “reflexão de todas as cores” dava mais ênfase às silhuetas e, também, ao trabalho feito com renda, material super estimado na época – e até os tempos atuais, pode-se dizer.
O branco também sempre foi sinônimo de realeza. As mulheres da Grécia antiga usavam tintas na cor, feitas à base de metal, consideradas super tóxicas, para se bezuntar e esbranquiçar a pele. A classe proletária queria “clarear” sua cor de pele, para ganhar status – já que os trabalhadores da lavoura e escravos estavam sempre mais bronzeados porque ficavam expostos à luz do Sol, enquanto os abastados se mantinham no conforto e na sombra de suas casas – por isso, eram mais brancos. Foi a partir disto, por sinal, que começou a associação de cor de pele ao tal status. Pele branca passou a ser sinônimo de nobreza. E isto não ocorreu só na Grécia Antiga como, também, no Egito Antigo e em Roma.
Branco era considerado a melhor cor para ser pano de fundo para algum desenho (pinturas em tábuas, por exemplo) e, com o passar do tempo, tornou-se sinônimo de pureza, uma vez que foi a cor escolhida pelo primeiro Papa, em 1566, para se vestir e se apresentar à sociedade. Antes disto, a cor já era eleita, também, pelas sacerdotisas em Roma e no Egito Antigo como símbolo de pureza e sacrifício.
Inconscientemente, o branco é sinônimo de pureza e de limpeza até os dias hoje, já que profissionais da área da saúde usam o branco, obrigatoriamente, para simbolizar a higiene e o asseio de sua profissão – entre eles, dentistas, médicos, enfermeiros, técnicos de laboratório, entre outros.
O único “tabu” da cor que vem caindo levemente por terra, atualmente, é em relação a casamentos. Originalmente, o branco seguiria esta linha de estereótipo de “pureza” e “virgindade”, motivo pelo qual a suposta virgem casaria usando esta cor. Hoje, uma vez que virgindade já não é, faz tempo, pré-requisito para se casar (algo que, em minha opinião, jamais deveria ter sido), esta história da cor do vestido passou a ser uma mera opção. Alguns ainda mantêm a escolha pelo branco, mantendo a tradição.
Gostaram da historinha? Tentei resumir ao máximo, porque são muitas informações, mas pincelei o que achei ser mais interessante e relevante. No mais, eu posso dizer que ainda prefiro a cor preta à branca. Pra mim, é indispensável! E vocês? O que acham??
Beijos e até a próxima!
Marcéli
Me chamo Marcéli Paulino, nascida em 16 de Julho de 1988, e sou bacharel em Tradução e Interpretação, curso que iniciei com 17 anos! Um pouco antes de me formar, já me interessava muito por moda e sabia que queria estudar e atuar na área. Então, assim que peguei meu diploma, foi o que fiz: procurei formações na área, que era meu sonho…