PATRÍCIA VIEIRA
Em meio a modinhas de etnias e assimetrias, Patrícia Vieira voltou para mostrar o que sabe fazer de melhor: o trabalho perfeito e de boa qualidade com o couro, sua matéria-prima favorita e mais usual. Desta vez, a designer buscou referências na Jamaica, na cultura rastafari e no mundo de Bob Marley para criar peças que, além de exprimirem muita elegância, transbordam conforto e artesanato de qualidade, vide pelo conjunto jogging de moletom cru (primeiro look) e por seus tricôs e rendas recortadas. Feita à quatro mãos, a coleção contou com a participação da marca mineira Vivaz nos bordados de ráfia e no beachwear, feito também com a participação de Adriana Degreas. A cartela de cores também levou uma pitada de referência jamaicana e se abriu em um leque de cru, salmão, vermelho, amarelo-terroso, verde bandeira e preto. Destaque para o colar de folhagens feito com plástico que, de perto, imitavam rosas fechadas, tornando-se um bonito complemento às produções.
NICA KESSLER
Não é necessário release nenhum para saber qual foi a clara inspiração da marca para seu verão: o oceano. Pelo cenário e pelas peças com estampas de peixes e de escamas, Nica Kessler tentou inovar no uso da renda e da transparência em calças, – o que pode não ser favorável a todos os biótipos -, saias, tops e bermudas. A cartela de cores segue o padrão de sua inspiração, em branco, violeta, tons de azul e de areia, em meio a acessórios feitos de conchas e de corais. Atenção especial para as boas estampas gráficas que remetiam a escamas, feitas em vermelho sobre cinzas pelo artista plástico Gabriel Castro, que deram um tom de interessância extra aos looks.
HERCHCOVITCH
Partindo de seu material protagonista e que, nesta coleção, teve ainda mais ênfase devido à inspiração nos trabalhadores braçais, Herchcovitch deu um show de bom trabalho com seus jeans. Mostrando-o sob diversas perspectivas, o denim apareceu em macacões, salopetes, jardineiras, vestidos, tops+calças e em bons conjuntos de bermuda+blazer, para eles, indo do devalé ao tie-dye em tons de cinza. Além das lavagens "padrões" que se faz presente na maioria das coleções deste Fashion Rio, Herchcovitch se preocupou em fazer algo a mais, apresentando listras desbotadas e flúos resinados, além dos vestidos que ganharam textura esvoaçante e de alguns florais. Desta forma, fez-se do jeans o protagonista, como deve ser, e não um complemento às demais texturas.
SALINAS
Em uma coleção bastante democrática e com os dois pés fincados no mood vintage sessentista, Salinas mergulhou com tudo nos poás – mini e maxi -, nas listras e nos mixes de estampas que mostram até frutas. A jovem fashionista terá uma vasta opção de modelagem para escolher, entre tops maiores com hotpants, microshorts ou, para as mais ousadas e com o corpo em dia, as peças minúsculas de parte de baixo somadas a tomaras-que-caia em forma de lenço amarrado. Além do divertido trabalho de estamparia, a coleção também traz opções neutras para quem prefere se manter na cartela de cores mais amena, como o trio "preto-branco-e-bege".
COCA-COLA CLOTHING
Com a atriz Bruna Marquezine abrindo o desfile em meio a um tsunami de marketing que aparece desfilando junto com as peças, a Coca-Cola Clothing baseia-se nas Olimpíadas do Rio para mostrar seu "esporte" da vez, que é mais aquático que qualquer outro. Thais Rossiter, que lidera a equipe de designers, seguiu a linha despojada que já é identidade da marca junto ao sportwear, e mostrou conjuntinhos fáceis de usar em laisé, jeans e couro ecológico. Para eles, macacões estruturados (cujas cores talvez não agrade a todos os homens) bastante divertidos e estampas que imitavam uma silhueta surfista feita de neoprene, bem praiano. Nos pés, sandálias de plástico de uma cor só que variaram entre o amarelo, o laranja, o rosa e o vermelho.
RESERVA
Créditos pelas imagens: Zé Takahashi/Ag. Fotosite
O desfile em si foi um protesto com modelos escondidos atrás de fantasias de Carnaval. Sendo assim, as imagens acima são do lookbook para a coleção de verão 2014, que não foi mostrada na passarela. Sendo a Reserva uma das poucas marcas masculinas a desfilar no Fashion Rio, é de grande relevância dizer que o espaço usado pelo designer para "protestar" foi desperdiçado para mostrar a moda real, aquela moda com a qual ele trabalha e tantas outras pessoas trabalham, e estão ali presentes para fazer valer seu tempo (que foi perdido).
Indo ao que interessa, as peças de verão da marca apresentam algo que, nem é tão novo, nem tão fora do contexto do protesto feito na passarela: jeans, t-shirts básicas, (boa) alfaiataria e tricôs levinhos, em uma cartela neutra que vai do branco, passa pelo jeans e chega aos cinzas, aos terrosos e finalmente ao preto. Básico, como a maior parte da população masculina gosta, e com uma referência de moda sem afetação.
por Marcéli Paulino