Venho, porque não consigo ignorar injustiças e pressões psicológicas que eu mesma já sofri e que vejo outras mulheres sofrendo, achando que é completamente normal. Venho, porque acho que a esperança é a última que morre, e porque uso minha liberdade de expressão da maneira que julgo melhor – tentando ajudar e acrescentar algo de bom na vida das pessoas.
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O que você entende como submissão? Quando falo esta palavra, algumas pessoas entendem que seu significado só acontece na prática e de maneira explícita. Como quando alguém verbaliza a outrem ordens do tipo: "me serve", "vai pegar pra mim" e por aí vai. Mas a novidade é que a submissão pode, também, vir camuflada de "amor", de "preocupação" e, pior, de "relacionamento" – que envolve os dois primeiros itens. Tem muita mulher por aí que acha – eu, inclusive, achava – que só porque está em um relacionamento deve satisfação à outra pessoa das mínimas coisas que faz, como, por exemplo, do que está comendo.
Que ela precisa dizer o que comprou no shopping ou com quem trocou mensagens hoje. Ou com quem ela falou na academia… O mais engraçado é que estas pessoas, que cobram obcecadamente, são as que mais batem na tecla de 'CONFIANÇA'. E lê-se "estas pessoas" como homens – porque, sim, estas atitudes controladoras, ciumentas e possessivas são tomadas principalmente por eles, não só pelas mulheres. E sabe o que é pior? Que somos julgadas o tempo todo por cobrar, pressionar, controlar… aposto que você já ouviu de algum ex-ficante/ex-namorado o velho clichê "você não confia em mim!". Pois é, eles não admitem essa cobrança e não "entram no nosso jogo", usando essa frase patética para nos fazer sentirmos culpadas. Mas exigem que entremos no 'jogo' deles. O resultado? Uma balança pendendo favoravelmente para o lado deles. Legal, né!? Só que não.
A sociedade tem o machismo impregnado a tal ponto que temos medo de tomar nossas próprias atitudes e sermos donas do nosso próprio nariz. A gente sofre pressão psicológica o tempo todo, sempre que alguém diz "aquela ali nem liga pro namorado, é puta" ou "nossa, casada e sai sozinha? É puta". Espera um pouquinho: quer dizer que os "garanhões", mesmo namorando ou casados, podem sair pra tomar um chopp com os amigos, pra olhar outras bonitonas (porque olham MESMO), ver pornô no celular e nós somos obrigadas a ficar dentro de casa, guardadinhas e vendadas? Porque, do contrário, não prestamos?? Tem alguma coisa muito escrotamente distorcida aí.
Já vi gente (CARAS) dizerem que, se os pais se separassem e o pai arrumasse outra namorada, eles a conheceriam sem problema nenhum – mas, se a mãe arrumasse um namorado, não olharia mais na cara dela. Quem não merece ser olhado na cara é você, meu chapa, com este pensamento bizarro. Nós mulheres temos desejos, vontades e imediatismos tão importantes quanto os homens – e MERECEMOS satisfazê-los. A nossa satisfação é tão importante quanto a sua, machão de merda. Está na hora de apertarmos aquele famoso botão, cujo nome começa com F, e deixarmos ir para o inferno o que a sociedade vai pensar do nosso comportamento. Porque esse pensamento certamente será influenciado por ideologias machistas.
Imagem: Revista O Grito [reprodução].
Você provavelmente já ouviu alguém falar "nossa, vai sair com essa roupa curta? Depois não sabe porque é estuprada" ou então "mulher bebendo é deprimente", ou ainda, "vai lavar uma louça, que é pra isso que você serve" – todas as frases abomináveis direcionadas às mulheres. Deprimente é esse seu pensamento retrógrado. Em primeiro lugar, ainda que as mulheres andassem peladas na rua, o errado é o estuprador de qualquer maneira. Cair de bêbado é algo desagradável para ambos os sexos e louça deve ser lavada por todos, afinal, todos se alimentam e sujam pratos. Quer outro exemplo de mentalidade escrota? Alguém de vocês, mulheres, já ouviu de algum ex-namorado que, se fossem estupradas, ele provavelmente terminaria com vocês? Eu já.
Está na hora de levantarmos a cabeça e termos plena consciência de nossas atitudes, assumirmos as consequências delas, se assim for preciso, e deixar que essa mentalidade machista ridícula perca a força, cada vez mais. Quanto mais agirmos de acordo com esse pensamento primata, mais estaremos condizentes com ele – mesmo que inconscientemente. "Homem pode trair, porque é uma necessidade e mulher que trái é vagabunda". Em minha singela opinião, ambos que traem não prestam para um relacionamento sério. E ponto.
E a mulher não é obrigada a perdoar traição só porque é mulher, e se conformar com a ideia de que "homem é assim mesmo". Não é assim. Não TEM que ser assim. E se você aceita isso achando que está sendo uma boa pessoa, só tenho uma coisa para te falar: você está sendo uma péssima pessoa, em primeiro lugar, para si mesma. Pense nisso.
Imagem: Conspirantes.com [reprodução].
"Seja a mulher que você quer ser, não para agradar a alguém, mas para sentir orgulho de si mesma".
Beijos com toda sinceridade do mundo,
Marcéli Paulino.
Me chamo Marcéli Paulino, nascida em 16 de Julho de 1988, e sou bacharel em Tradução e Interpretação, curso que iniciei com 17 anos! Um pouco antes de me formar, já me interessava muito por moda e sabia que queria estudar e atuar na área. Então, assim que peguei meu diploma, foi o que fiz: procurei formações na área, que era meu sonho…