É meio desesperador constatar que, nas mínimas coisas, as pessoas nem pestanejam ao calcular o quanto vão "ganhar" fazendo algo [ou não fazendo]. Seja desde postar uma foto, por exemplo, até comprar alguma coisa, emprestar um dinheiro ou mover-se de maneira mais significativa para ajudar alguém. Para não dizer a palavra NUNCA, eu bem pouco vejo alguém ajudando alguém simplesmente pelo ato de ajudar, mesmo. De tentar resolver o problema do outro. E este é só um exemplo.

Por favor, não me venha com "você está com as pessoas erradas". Eu conheço bastante gente – e não estou dizendo que ninguém presta, nem que sou parâmetro de verdade absoluta. Só estou refletindo que, grande parte de nossas atitudes, são movidas por nosso ego. E de forma bem cega.

No âmbito do consumo, por exemplo: por que a gente vive comprando coisas novas – roupas, sapatos, bolsas? Pra nos apresentarmos melhor perante o mundo. Mas não basta comprar: a gente precisa mostrar. Postar foto, aparecer. Tô errada? Claro que não. Tudo bem, tem gente que trabalha com isso e acaba precisando ter essa postura de maneira ainda mais intensa [eu, por exemplo e outras/os que trabalham com o mundo dos blogs, da moda e do consumo]. Mas, independente disso, eu, você, nossos amigos, familiares… todos fazem ou já fizeram isso. Não estou dizendo que é errado – até aí, podemos dizer que não estamos prejudicando ninguém. Mas duvido que muitos parem pra pensar no que essa atitude de fato representa.

A coisa, em minha opinião, fica mais 'feia' quando os relacionamentos passam a ter como base o ego. Exemplos? Tem gente que quer parecer 'best friend' em foto com alguém, porque julga que essa pessoa representa uma subida de status social – mas, no fundo, ambas nem se suportam. Eu canso de ver isso por aí. E não só em amizades: em relacionamentos amorosos também.

Quantos casais você conhece que não têm nada a ver, não aparentam sentir um pingo de nada, mas estão juntos por questões sociais/financeiras? E mesmo na área da moda: quanta gente eu vejo aderindo a estilos que não têm NADA a ver com a personalidade da pessoa, mas ela se força a usar algo só porque julga que é status ou porque quer ser reconhecida em um certo grupo de pessoas [pra quê?]. Vestir-se de acordo com a ocasião é uma coisa. Assumir um estilo, que não tem nada a ver com o seu, é outra.

Às vezes, nosso ego nos conduz de uma maneira tão dominadora que nem enxergamos que acabamos por nos depreciar. O cara que engabela 5 garotas ao mesmo tempo, pra pagar de "pegador", e no final é descoberto: claro exemplo de atitude tomada pelo ego que, por fim, acabou deixando-o mal perante todos [todas, no caso].

A pessoa que passa a perna no colega de trabalho para conseguir subir de cargo – e dá a zebra de ser desmascarada: outro exemplo claro de atitude movida pelo ego que acabou depreciando o[a] profissional. A "amiga" que dá em cima do namorado da outra, só para provar pra si mesma que é capaz de atrai-lo, e acaba com a amizade com a garota: outro exemplo. E como estes, que mencionei, existem muitos outros.

É importante ter ego e ser um pouco egoísta – mas é muito difícil pesar até que ponto o ego pode nos influenciar. A linha entre amor próprio e egoísmo cego é muito tênue e, infelizmente e fatalmente, acabamos caindo para o pior lado.

Imagens: Tumblr [reprodução].

MAIS: Vaidade nossa de cada dia

Por um mundo onde as pessoas façam, ao menos igualmente, as coisas pelos outros também – e não só por si mesmas. Será que é almejar muito?

por Marcéli Paulino