Este exemplo banal tem o intuito de ilustrar o que eu quero dizer com o título deste post: assim como as crianças, pessoas adultas também ficam mimadas em um relacionamento – e mal acostumadas.
Explico: você faz todas as vontades da pessoa que ama, porque quer vê-la feliz. Em alguns casos, é claro que relacionamento demanda sacrifícios – e, normalmente, pessoas acostumadas a se doar fazem vários deles, o tempo todo, muitas vezes, sem nem se dar conta.
E é aí que mora o perigo: enquanto tem um lado se sacrificando horrores e dizendo "sim" o tempo todo, tem um outro lado que está numa boa, super cômodo na situação, o que não é justo. E pensa: "afinal, por que eu vou me esforçar se já tem o outro ali, fazendo tudo"? Bom, eu não gosto de pensar que sou um peso para papel nos relacionamentos. Mas, provavelmente, tem gente que não liga.
E o problema em fazer sacrifícios a todo o momento é que, além de acomodar o outro lado, seus sacrifícios e/ou gentilezas acabam sendo encarados como obrigação! A outra pessoa chegou a um nível do mimo em que ela nem sabe mais distinguir os esforços do seu parceiro: ela acha que nada é mais normal que fazer as coisas por ela. Vou te dar uma notícia, meu bem: não é bem assim que funciona.
SACRIFÍCIOS MERECEM SER RETRIBUÍDOS
Não existe um relacionamento saudável se apenas um lado faz concessões e esforços. Se até mesmo entre pais e filhos onde há, supostamente, amor incondicional precisa existir reciprocidade, que dirá em relacionamentos amorosos. Mas não vale retribuir como uma obrigação: o ideal é pensar numa maneira de agradecer ao outro, pelas coisas legais que ele faz, sendo legal também. Se esforçando para fazer algo por ele, também – ou deixando de fazer, se isto o poderá agradar.
Nada mais broxante nessa vida que ingratidão e comodismo, digo-lhes com propriedade. E, algumas vezes, o excesso de cuidado com o outro resulta nestes dois pesadelos. A "criança mimada" cresce dentro do outro e, se alguma vez você disser 'não' para ela, ela vai ficar emburrada ou fazer alguma malcriação.
QUANDO SEU EXCESSO DE CUIDADO SUBIU À CABEÇA DO OUTRO
Se você pecou pelo excesso nos cuidados com seu namorado/noivo/parceiro (a), você logo percebe por suas atitudes, pois ele a deixa em segundo plano. Primeiro, de maneira sutil, depois, mais escancarada; em primeiro lugar sempre virão as vontades dele, nunca as suas. Ele sempre vai pensar em fazer coisas que lhe agradem ou que lhe sejam favoráveis e, jamais, em nenhum momento sequer, pensará em fazer algo que ele não queira tanto, mas que fará mesmo assim por você, porque é importante para você ou porque simplesmente quer te ver feliz.
Aliás, estas são, infelizmente, atitudes raríssimas. São raros os seres humanos que sacrificam um momento seu de satisfação em benefício do outro, ou, ainda, que reconhecem como sua felicidade a felicidade do outro – eu conheço 1 pessoa assim, nestes meus 27 anos. E eu duvido que vá conhecer outra pessoa como ela algum dia.
E sabe o que é pior? Que estes seres humanos tão raros, quando encontrados, dificilmente são valorizados. É por isso que não existem pessoas dispostas a viver um amor incondicional, um amor genuíno, de querer amar pelo simples amar. Porque elas se cansaram de ingratidões de crianças mimadas que estão espalhadas por aí. Normalmente, quando alguém as encontra, não sabe lapidar e valorizar o que tem, sugam sua energia, esquecendo de repô-la. Então, elas enfraquecem e somem.
MORAL DA HISTÓRIA
Metáforas à parte, o que eu julgo ser a solução para isso – solução esta que acho bem triste – é: não cuide demais. Não se esmere demais. Não se desdobre demais. A única pessoa por quem você precisa ser incansavelmente prestativa é você mesma(o). Porque só você, em seu íntimo, sabe do que precisa, sabe o que quer e o que não e, quando acontecer de seus relacionamentos não darem certo, adivinha quem estará aí para você? Acertou se você pensou em si mesmo.
A cada vez que surgir na sua cabeça a vontade de ir correndo cuidar do outro, cuide duas vezes de você mesma antes. É que nem a criança mimada aprendendo a andar: ela precisa levar alguns tombos para aprender a se equilibrar sozinha, afinal, quando ela souber andar você não poderá ficar atrás dela, apoiando-a o tempo inteiro. Com seu parceiro, a mesma coisa: não tenha tanto cuidado, deixe que ele leve uns tombos. Valorize seus cuidados, para que ele veja que consegui-los não é assim tão simples, não basta a pessoa dele existir. É preciso mais que isso.
Imagens: reprodução.
Beijos,
Marcéli Paulino
Me chamo Marcéli Paulino, nascida em 16 de Julho de 1988, e sou bacharel em Tradução e Interpretação, curso que iniciei com 17 anos! Um pouco antes de me formar, já me interessava muito por moda e sabia que queria estudar e atuar na área. Então, assim que peguei meu diploma, foi o que fiz: procurei formações na área, que era meu sonho…