Ontem, por sorte, passando ocasionalmente pelo lounge da Natura, tive o prazer de assistir a um bate-papo super bacana e relevante por lá. A participante do The Voice Brasil, Carla da Silva, e a ex-modelo e ativista do IDBR (Identidade Brasileira), Luana Génot falaram sobre preconceito e a desconstrução de padrões de beleza.
MAIS: SPFW n 41 dia 2
Já abordei esse assunto por aqui, em vídeo, e acho que, mais do que nunca, é um assunto necessário a se discutir nos tempos em que vivemos. Principalmente em semanas de moda, onde se vê de tudo, trabalhar essa ideia em favor da população socialmente menos favorecida – negros, mulheres, homossexuais – é uma coisa bem importante de se fazer.
Em minha modesta opinião, o assunto ainda não é suficientemente divulgado – vejo pelos próprios veículos responsáveis por falar do evento, o SPFW: nenhum deles se preocupou em abordar esse bate-papo do qual estou falando nesse post. Ainda assim, é um tópico que, felizmente, vem ganhando mais espaço que antigamente. Espero que a tendência deste espaço seja crescer.
DISCRIMINAÇÃO NA PROFISSÃO
Entre uma conversa e outra, a ex-modelo e ativista, Luana, compartilhou conosco o quanto sofria, uns tempos atrás, quando trabalhava de modelo, com a discriminação na hora de trabalhar. Ela ganhava menos que as demais modelos, para desfilar, e era a menos selecionada. A justificativa das marcas era que ela não se encaixava nos padrões de beleza para estar na passarela. Por sua cor, por seu cabelo afro, etc. Assim como a cantora, Carla, compartilhou conosoco que quando ela iniciou sua carreira de cantora, ela era criticada por ser gorda. "Diziam que eu precisava ser magra, ter um corpo bonito".
DISCRIMINAÇÃO NA LINGUAGEM
Um exemplo de discriminação que está em nossa própria linguagem é a expressão "cabelo ruim". Ou seja, um cabelo que não é liso, é considerado "ruim" por que? Pelo fato de ser duro, crespo, enrolado? Uma pessoa "cheinha" não pode ser chamada de gorda por que? Desde quando a palavra "gorda" é um xingamento? Muitos detalhes da nossa expressão verbal, ao longo da história, contêm um quê de discriminação e a gente nunca se deu conta.
O ser humano e a sociedade, no geral, sempre se incomodou com aquilo que é diferente, que é fora do comum. Eu, por exemplo, me incomodo com coisas comuns demais. E arrisco dizer que até me irrito com quem se incomoda com o diferente. Dentro de casa mesmo, dou dura quando escuto alguém comentar sobre uma pessoa que passa na rua com um cabelo diferente e diz "que cabelo é esse?", ou quando vê alguém gordo na rua e fala "nossa, olha o tamanho daquela pessoa". Isso é algo tão primitivo e retrógrado de se fazer, que me dá muita vergonha alheia. Eu dou dura mesmo e não estou nem aí se sou chamada de chata.
PALMATÓRIAS DO MUNDO
O grande ponto, para mim, e que é o foco do problema, é que existem pessoas que se julgam a palmatória do mundo. Que pensam que podem ditar regras, que podem dizer o que o outro deve ou não fazer, deve ou não SER. Deixe a menina ter o cabelo afro. Mas, se ela quiser alisar, deixe ela fazê-lo também. Deixe o cara ser gordo, ser obeso. Mas, se ele quiser emagrecer, deixe-o emagrecer também. Nós não podemos ser o que o outro quer que sejamos, mas o que nós mesmos queremos ser.
As pessoas sempre se deixaram oprimir para se encaixar em padrões que jamais deveriam ter existido. O normal é relativo, o belo também. O ideal também. Na verdade, eu penso que o ideal é o que me deixa feliz. Sobre minha própria felicidade, só eu mesma posso saber e só eu posso ser responsável por ela. E a beleza, no fim das contas, está traduzida na felicidade que cada um sente.
Beijos,
Marcéli Paulino
Me chamo Marcéli Paulino, nascida em 16 de Julho de 1988, e sou bacharel em Tradução e Interpretação, curso que iniciei com 17 anos! Um pouco antes de me formar, já me interessava muito por moda e sabia que queria estudar e atuar na área. Então, assim que peguei meu diploma, foi o que fiz: procurei formações na área, que era meu sonho…