Mais uma fashion week se encerra – tristemente, mais singela a cada temporada – e, com ela, fazemos não só um balanço do que está em alta, como, também, uma reflexão de prioridades neste momento de economia tão abalada.
A moda está aí para agregar valor ao nosso estilo, para nos representar de uma maneira que se torne, vez ou outra, dispensável nos expressarmos com palavras. Mas, até que ponto será que vale investir nessa representatividade e mais: quando será que vale a pena fazer pausas, como estão sendo feitas? A moda conceitual abriu um hiato para que o “see now, buy now” tome forma e cresça dentro de um ambiente onde os experimentos são essenciais, porque é algo que nosso momento econômico pede. No entanto, o diferencial, que atrai olhos de quem aprecia o verdadeiro sentido inovador da moda, ficou de lado. São pontos importantes a serem pensados e pesados dentro de todo esse universo que, apesar de acelerado, tende a desacelerar – a meu ver.
Indo ao ponto, então, aqui farei um panorama das passarelas que mais gostei, dentro do que acompanhei, e algumas pinceladas no que, pelos meus olhos, serão o must have deste inverno e do próximo. Muita coisa eu já falei neste post aqui, mas, vale retomar em se tratando de semana de moda!
Mantendo o perfil sportwear que é febre há algumas temporadas e se faz permanecer, a grife reinventou sua posição irreverente dentro dessa veia esportista. Cores intensas e modelagens amplas marcaram a temporada de A La Garçonne, sem perder um quê de rebeldia que representa a marca.
O designer, conhecido por fazer vestidos deslumbrantes, mostrou que sabe criar peças de inspiração pop quando o assunto é body ou textura metalizada. Uma cartela colorida e brilhante tomou conta de grande parte da passarela da marca, cheia de informações no que diz respeito a acabamentos. Forte referência dos anos 80 nos casaquetos de amarrar, com volume nas mangas, e nos collants – nem sempre harmônicos em termos de cores.
Enquanto algumas grifes fazem uma pausa, outras fazem sua estréia. Foi o caso de Fabiana Milazzo, que não fez feio ao exibir ricos bordados e aplicações em diferentes texturas, como o jeans, e tornar o look festa, normalmente sisudo, em algo leve e até irreverente. A fluidez marca forte presença em maxivestidos, com caimento mega favorável para a silhueta da mulher brasileira. Rolou até uma sobreposição em um universo de textura brilhosa!
O preto, eternamente presente em qualquer época, obviamente não podia ficar de fora desta temporada também. Inspirada nas mudanças orgânicas e nas células, Lilly Sarti apostou fortemente na cor, ao lado de modelagens e acabamentos suntuosos. Um leve quê de rock n’ roll minimalista pairou sobre os looks, que são ideais tanto para festas, quanto para outros eventos que pedem uma produção mais fina. Destaque para clutches em formato de caixinha, que retornam elegantemente dentro do styling da coleção.
Tons sóbrios e uma cartela xadrez de várias cores dominaram a passarela da marca nesta temporada. Os clássicos terrosos de inverno pontuavam as produções de formas amplas e acabamentos com faixas e recortes, tornando o clima de visuais para frio mais descontraídos do que nossos olhos costumam ver. Lolitta amadurece sua proposta na passarela, mas, não perde o foco entre o comercial e o conceitual.
Outra estreante na passarela, a grife de Alessandra Affonso Ferreira se mostrou bastante comercial, mas, não menos refinada. Uma rica alfaiataria foi ponto alto de sua coleção, exibindo ótimo acabamento em camisas e calças pantacourt. Na cartela de cores, presença marcante do verde militar e do branco, que mostram que nem só de tons fechados e sóbrios vive o inverno – principalmente, o nosso que é nada rigoroso. Para equilibrar o ar minimalista de alguns looks, estampas cheias de informação com referências à África também tiveram sua vez, em modelagens mais soltas e pra lá de confortáveis.
Outro designer que “bebeu da mesma fonte dos anos 80” para basear sua coleção de inverno foi Vitorino Campos. A grife, que leva seu nome, apresentou um inverno comercial com um pezinho no conceitual, pode-se dizer. Cores marcantes, como o azul royal, pontuaram alguns looks, enquanto referências grunge, modelagens ora oversized, ora estruturadas também tiveram seu momento. O resultado foi uma passarela bem moderna e consciente, que tentou levar ao seu público aquilo de que ele precisa.
Deu para notar que a presença dos anos 80 foi gritante nesta temporada de desfiles. Ou seja: pode abusar de brilhos, de tons holográficos e de cores vibrantes, se você gostar! Os maxibrincos vêm a todo vapor. As chockers, que explodiram no verão, ainda têm espaço nesta temporada – mas, aparecem de maneira mais singela.
As clutches recuperam o fôlego e entram na cartela de apostas, também. E falando em bolsas… o modelo tipo saco, que sempre carregou um enorme estereótipo de ‘anos 70’, ressurge como a Fênix em uma releitura esportiva super interessante. Outros modelinhos mais convencionais, que fazem alusão ao ‘tipo carteiro’, são versáteis e atemporais e, portanto, têm passe livre. Destaque para a atmosfera pop art, que também aparece em alguns acessórios, e no estilo de usar os modelos com alça: bem curtos e próximos do tórax, quase que como uma pochete.
Os tênis, que também adentraram o ano no topo da parada de sucesso, ali permanecem. De diversas cores, estampas e acabamentos, com patches ou sem, mais clássicos ou mais ousados – eles se mantêm super válidos (e, convenhamos, nada mais confortável para o dia a dia!). As botas também se mantêm firmes como sapato queridinho da estação e surgem em diferentes propostas, inclusive, na cor branca – que sempre era desprezada -, prometendo ser must have!
Outra coisa que foi bastante recorrente destas passarelas foram as meias aparentes. Com sandália, com bota, mais curtas (soquetes) ou até os joelhos… a aposta dos stylists, pelo visto, é deixar meias à mostra! Que tal?
Variedade é a palavra de ordem (graças a Deus!). Tem para todos os gostos: olhos marcados em preto, leve detalhe colorido, pele “nada”, boca “tudo”, batom preto e marrom, pele iluminadíssima e boca rosada. A gama é grande e a gente AMA! Afinal, na moda e na beleza o bacana é experimentar e se permitir.
Interessantíssimo o acabamento de “queimado do frio” do desfile da Osklen, que trouxe menos poesia e um pouquinho mais de realidade a este segmento que sempre inventa (felizmente!) tantas fantasias.
O que achou deste resumão? Está pronta(o) para aderir às apostas?? Me conta! Espero você na próxima 😉
Beijos!
Marcéli
Me chamo Marcéli Paulino, nascida em 16 de Julho de 1988, e sou bacharel em Tradução e Interpretação, curso que iniciei com 17 anos! Um pouco antes de me formar, já me interessava muito por moda e sabia que queria estudar e atuar na área. Então, assim que peguei meu diploma, foi o que fiz: procurei formações na área, que era meu sonho…