Mais uma temporada se encerra com grandes nomes e trabalhos incríveis e cá estou, mais uma vez, para fazer um balanço daquilo que acredito ser o mais usual da estação.
O SPFW retorna, felizmente, ao Parque Ibirapuera, e traz um senso crítico cada vez maior sobre a Moda e o consumo que se vêem, cada vez mais, dentro de uma necessidade de reinvenção a cada ano.
O Projeto Estufa ganha mais força e relevância tendo a sustentabilidade como seu pilar principal e trouxe, desta vez, Roberto Martini como inspiração da edição.
Nas passarelas, as marcas também apostam cada vez mais na moda sustentável, bem como na diversidade de gênero e biótipos, deixando cair por terra, mais do que nunca, qualquer imposição de padrões que a moda já Teve algum dia.
ELLUS
O utilitarismo foi a palavra de ordem da temporada da Ellus, grife que retorna ao evento depois de uma longa pausa desde 2017. Carregadas de referências dos anos 1990/2000, as produções apresentaram conjuntos de calças, casacos, saias e até vestidos bem estruturados e volumosos acompanhados da logomania com um “E” estampado em várias peças da coleção.
Tendo o jeans como seu carro-chefe da marca, a textura não poderia deixar de marcar presença em conjuntos femininos e masculinos, trazendo para as peças masculinas uma irreverência no dress code social, onde aposta na gravata convencional combinada ao look descolado de pegada utilitária.
LILLY SARTI
Clássica, refinada e empoderada: estas são 3 palavras que, para mim, definem o DNA da marca e todas as suas coleções desfiladas até o momento.
Para a temporada, sua coleção traz uma cartela de cores incríveis marcada pelo rosa, pelo vermelho, pelo rosé blush, pelo azul e pelo verde em combinações bem pensadas e deliciosas para o verão.
É o tipo de desfile comercial que te faz sentir vestida com todos os looks que aparecem na passarela.
A modelagem setentista de Babados combinada a uma alfaiataria bem-estruturada traz o equilíbrio que toda mulher urbana procura na hora de se vestir com seriedade, sem perder seu quê descolado e moderno que carrega na sua personalidade.
MODEM
Grife independente que se consagra há 4 anos no mercado, a Modem apostou fortemente na assimetria e nas sobreposições. Seu inverno é carregado dos tons sóbrios clássicos da temporada, entre eles, o cinza, o nude, o Marinho e o marrom, mas a modelagem equilibra bem essa sobriedade com shapes reinventados e divertidos.
Boa a combinação da alfaiataria estruturada dos blazers com as saias fluídas assimétricas, uma proposta que deixa o look de escritório mais leve.
ANGELA BRITO
Inspirada na musicalidade irreverente do blues, a marca estreante na passarela traz uma coleção carregada de alfaiataria desconstruída e sobreposições, referências que traduzem bem a elegância transgressora do estilo musical em questão.
A fluidez acompanhada de assimetria em saias e vestidos tornam interessantes os looks, que se fazem apropriados para qualquer estação. Da cartela de cores, presença do branco, dos tons terrosos e de nuances de azul e verde.
BEIRA
Um oceano azul de profundas e lindas nuances foi a base de cor para a coleção da grife nesta temporada. As modelagens variadas, ora rígidas, ora maleáveis, exibem as pinturas manuais dos tecidos que passaram por um processo de lavanderia e de costura em contraste de cores.
A parceria com a Converse continua e, desta vez, traz os modelos de Chucky Taylor para formar as composições com os looks na passarela.
ALUF
Processos lúdicos de meditação deram origem à coleção da Aluf, cheia de volumes e proporções variadas, numa cartela de cores que traz sensação de paz e bem-estar: o off white, o areia, o branco e o rosa.
As bases têxteis da coleção, desenvolvidas por Gvallone, promovem a união de fibras rústicas com tecnológicas – o linho e a poliamida biodegradável.
Destaque para a padronagem em Xadrez construída a partir de tramas com fibras recicladas, intituladas Ecosimple. As transparências presentes em alguns looks São resultado da fundição de plástico fabricado, técnica elaborada e realizada por Tereza Ferreira.
No geral, cores bem usáveis e modelagens idem para a temporada de outono, devido ao peso relativo de alguns looks.
FREE FREE
O projeto sustentável que visa empoderar mulheres ao reiventar peças já existentes no mercado virou Instituto e desfilou suas criações no último SPFW. Com beleza lindamente assinada por uma união de peso entre Marcas como Beautybox, Eudora, O Boticário, Quem Disse, Berenice e Vult, os looks exibidos trouxeram releituras de 20 Marcas consagradas como Apartamento 03, Aluf, Adriana Degreas, Cris Barros, Gio Romano, Paula Raia, Ju Jabour, entre outras, em um Trabalho manual feito por artesãs de comunidades apoiadas pelo instituto Free Free.
Deste trabalho surgiram as mais democráticas e diferentes modelagens, peças ora estruturadas, ora assimétricas e fluídas, muitas cores, aplicações e forte presença de acessórios. Um clima descontraído e experimentação e sociabilidade, como a moda Deve ser.
por Marcéli Paulino
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Evento: SPFW n48
Pavilhão das Culturas Brasileiras, Parque Ibirapuera – São Paulo SP
Cobertura: Marcéli Paulino
Imagens: Agência Fotosite
Me chamo Marcéli Paulino, nascida em 16 de Julho de 1988, e sou bacharel em Tradução e Interpretação, curso que iniciei com 17 anos! Um pouco antes de me formar, já me interessava muito por moda e sabia que queria estudar e atuar na área. Então, assim que peguei meu diploma, foi o que fiz: procurei formações na área, que era meu sonho…