Se eu tivesse que escolher uma palavra para a volta do presencial da semana de moda paulistana seria, definitivamente, “axé“.
Referências afro-religiosas unidas à ancestralidade preta foram maravilhosamente evidenciadas através de trabalhos manuais e verdadeiros espetáculos emocionantes nas passarelas, tanto presenciais, quanto virtuais – das marcas que optaram por fazer fashion films no lugar do desfile presencial.
Nota-se um caminho longo, porém já trilhado, de grande desconstrução sob muitos aspectos. Looks cada vez mais agêneros, muita transparência, mulheres com seios de fora e muita, mas muita [e necessária] militância através da Moda que, afinal de contas, reflete direta e indiretamente as necessidades e o comportamento da nossa sociedade.
A presença de grifes comandadas por pessoas pretas foi, inclusive, lindamente marcada pelo projeto Sankofa; além dela, modelos – homens e mulheres – pretos(as) também tiveram grande destaque nas passarelas como nunca visto antes.
Todas as marcas presentes no SPFWn52 tiveram uma positiva contribuição para o novo – por assim dizer – caminho que a moda vem tomando. Aqui, pontuarei algumas das apostas mais vistas nas passarelas e as que, sob minha ótica, têm grandes chances de serem adotadas desde já até a próxima temporada, do inverno 2022.
O conforto ainda se faz muito presente, mesmo no pós pandemia. Um acabamento muito bem feito, caminhando lado a lado com modelagens ora amplas, ora justas, se une a um quê de elegância minimalista com muitos tons neutros e estampas pontuais, como o xadrez P&B.
Um inegável apelo futurista e tecnológico invadiu muitas coleções, marcando presença com assimetria agênero, recortes, fendas poderosas e estampas 3D que traziam um ar levemente sensual e muito interessante à toda modernidade das produções.
Axé pros afins e para os que não são também! As religiões de origem africana ganham passe livre em muitos desfiles e foram a grande fonte de inspiração nesta temporada, ilustradas por muito trabalho manual, cores e as mais diversas texturas e modelagens.
A diversidade foi tanta nesta temporada que as mocinhas “comportadas” e românticas também puderam se ver representadas através de ricas texturas, volumes e muita fluidez, mesmo mediante peças mais estruturadas – até elas ganharam certo molejo. Uma cartela de cores variada, indo da mais sóbria à mais adocicada, fizeram parte das apostas.
Se teve um duo que protagonizou esta semana de moda, por entre as tantas ricas estampas e texturas, foi o ‘rosa + vermelho’. O mix, que já foi febre algumas temporadas atrás, recuperou seu fôlego e invadiu as mais diversas produções para aquecer o próximo inverno, oferecendo uma alegre opção para além dos sempre neutros.
A transparência e os maxidecotes são para todos sim e esse SPFW deixou isso bem claro através de muitos desfiles que fizeram uso desta textura e modelagem. Mesmo no inverno, revelar o corpo se transformou não só numa maneira de sensualizar como, também, de passar uma mensagem efetiva de empoderamento para “todes“.
As botas correm sério risco de serem substituídas por um novo combo candidato a super queridinho do próximo inverno: meias + sandálias. O efeito visual se assemelha ao de uma bota, mas, ganha uma pegada bem mais futurística e irreverente, para acompanhar uma das principais vibes dessa temporada. Será que pega?
[fotos: SPFW e Portal FFW – reprodução].
Qual das apostas e marcas foram suas preferidas? Me conta aqui.
beijos e até a próxima fashion week presencial com muita diversidade e inclusão [se Deus quiser!].
Marcéli Paulino
Me chamo Marcéli Paulino, nascida em 16 de Julho de 1988, e sou bacharel em Tradução e Interpretação, curso que iniciei com 17 anos! Um pouco antes de me formar, já me interessava muito por moda e sabia que queria estudar e atuar na área. Então, assim que peguei meu diploma, foi o que fiz: procurei formações na área, que era meu sonho…