Ao passo que os cabelos e o make formaram uma das belezas favoritas do evento até agora, sua coleção sempre – aparentemente – muito bem idealizada e bem mostrada pode passar pelo não entendimento de alguns, mediante a negligência de informações através de um release.
As apostas, no entanto, nos remetem aos anos 20 (principalmente pela beleza mostrada), e com ela acompanham algumas das modelagens predominantes nas passarelas, como a assimetria e o peplum. Tops e saias mais longas abaixo do joelho, bem como vestidos, formavam o que lembrava um figurino de "O Grande Gatsby" e algumas das peças femininas desconstruídas como o vestido longo e os conjuntos de cetim duchese em risca de giz, ao mesmo tempo modernizaram a coleção.
 

Indo ontra a maré (tão) comercial mostrada na maior parte dos desfiles até o momento, os estilistas da Amapô se inspiraram nos segredos do fundo do mar para exibir suas peças. Os jeans e brins perolados, as amplas modelagens e o mix de padronagens foram muito interessante, principalmente no masculino.
Destaque para a saia em formato de diamante que, embora nada comercial, mostrou algo interessante em meio à tanta assimetria e desconstrução de peças que vem sido visto com tanta frequência. Falta apenas o posicionamento da marca em relação à gama dos jeans, que são importantes no segmentode vendas e muito destacados pelas marcas "líderes" que participam do evento. 

A veia rocker-romântica da estilista que sempre cria coleções com um pé em cada vertente aliou-se aos anos 90 e, desta vez, deu origem a muitos looks adocicados e neutros de um lado e a tons e texturas com muita personalidade de outro. A designer, no entanto, não se limitou apenas a "dois momentos" e fez de sua passarela um desfile de evolução, iniciado pelos conjuntinhos de laisé em azul-bebê e pelas jaquetas em tie-dye junto às minissaias rodadas super femininas.
Posteriormente, o romantismo moderno deu origem aos longos monocromáticos de barra assimétrica, às estampas coloridas, aos metalizados com brilho – destaque para a permanência do peplum e das saias rodadas – e finalmente aos bordados e vasados. Tudo muito comercial e esmiuçado em proporções para o dia e para a noite, sem deixar o caricato prevalecer em nenhum momento.

Dividido entre a assimetria e a geometria, Oskar Metsavaht produziu resultados muitíssimo bem elaborados inspirado pelas pedras preciosas – que até se fizeram presentes em algumas estampas e modelagens. Seu DNA esportivo inseparável gerou bons conjuntos monocromáticos de tafetá, organza e zibeline nos momentos mais 'refinados' e linho cru ao lado de moletons (para eles) e tops com estampas divertidas (para elas).
Plásticos transparentes faziam as vezes de barra de saias e vestidos, formando uma camada brilhosa por cima das peças proporcionando um resultado diferente e muito interessante em meio à pegada minimalista da coleção. Além dos conjuntinhos de vestidos+calças – outra forte aposta da temporada -, temos também os tops ao lado de saias em "A" e os macaquinhos com decote em "V" profundo e leve, muito apropriado para nosso clima. 

Especializado em roupas de festa, mais especificamente, para casamentos, Samuel deu vida às rosas em suas criações. Uma variedade de modelagem, no entanto, foi exposta, agradando uma boa parte de estilos que precisam de "algo a mais" para brilhar no grande dia. De cores assorvetadas até as mais fortes, como o pink e o roxo-escuro, os tecidos formavam camadas na parte superior e nas barras, que nos remetiam diretamente ao formato das pétalas de rosa; os modelos mais armados e bem femininos lembravam roupas de festas de quinze anos, de tão românticos e sonhadores.
Os tubinhos estruturados e até um conjunto de top+saia lápis com babados na barra, mostrado no início do desfile, também tiveram sua vez e não fizeram feio. Receberam ricas texturas para compensar – ou não – a modelagem mais sequinha, oferecendo às "mais mulheres" um sex appeal com muita elegância. O designer manteve sua linha nada sutil, porém democrática, e passou seu recado com louvor.

O ápice da veia comercial direcionada unicamente aos jovens ficou por último no quarto dia de desfiles. A Colcci, mais acostumada que qualquer outra grife a "celebrizar" sua passarela e a direcionar toda a atenção para os modelos da vez, resolveu dar mais espaço à qualidade das peças.
Iniciou a coleção com uma cartela infindável de neutros que invadiram vestidos evasê, camisas com texturas transparentes, conjuntos monocromáticos de top, calça e casaqueto – outra forte aposta desde já -, parcas sem manga e vestidos com leves ares de anos 20, cuja barra da saia se entendia muito além da cintura. Em um outro momento, foi a vez das cores e dos looks em dégradé invadirem a passarela, em tonalidades brasileiríssimas – o amarelo gema e o verde-mata, ambos ao lado de tonalidades mais claras. O couro, sempre presente nas coleções da marca, gerou camisões, boleros e calças mais amplas para elas. Para eles, um navy atualizado pelo linho e pelo brim formou peças como bermudas mais sequinhas em companhia de blazers mais estruturados. O mix de estampas também teve seu lugar na coleção, para ambos. Destaque para a camisa feminina de modelagem mais ampla com estampa floral e detalhe em couro no abotoamento.

Imagens: Zé Takahashi/Ag. Fotosite [via portal FFW]