Por que estamos tão cansadas de sermos boazinhas? Se você se sente assim, esse post é pra você.
Vamos ao primeiro textão do ano aqui no blog? Vamos!!!
Já faz um tempo, tenho me tornado bastante adepta da teoria “fazer o bem sem olhar a quem”. Acredito, sim, que não devemos nos corromper em razão da maldade alheia, afinal, cada um dá o que tem. Dito isto, é claro que, na maioria das vezes, me coloco à disposição para ajudar, para ser uma boa ouvinte, para dar conselhos e até para dar aquela animada quando uma pessoa se encontra totalmente na merda. Todos temos os nossos dias, né?!
Eis que experiências recentes me fizeram aprender mais uma lição nessa marota vida: dentre todos os bens que podemos fazer a alguém, pra tornar o viver desta pessoa melhor, confiança NÃO é um deles. Aquilo que por humanidade damos “de graça”, a meu ver, é respeito, gentileza, carinho… Mas confiança não. Ela precisa ser conquistada. A seguir, vocês vão entender como descobri isso.
Em matéria de relacionamentos, a Marcéli é uma pessoa que não pode ver alguém “torto” que já se prontifica a tentar “endireitá-lo”. Por isso, ela, vulgo eu, sempre tive o costume de depositar total confiança nos outros logo de cara. Colocando em metáforas: eu acreditava que “dando o ouro gratuitamente na mão da pessoa” estava ensinando-a a valorizá-lo. Só que não é bem assim que funciona. Já logo deixo claro aqui que, neste contexto, estou abrangendo tanto relacionamento AMOROSO, quanto AMIGÁVEL.
Quando um não quer, dois não fazem. E isso acontece tanto para coisas ruins, quanto para as boas. Ou seja: o “lado de lá” (vamos chamar assim as pessoas a quem me refiro) não estava afim de certas coisas, como ser companheiro(a), fiel/honesto(a), dedicado(a), tampouco generoso(a). Porque é fácil procurar alguém quando se precisa desta pessoa. Raro mesmo é querer estar ao lado dela simplesmente pelo querer, pelo gostar de graça, pela vontade de tê-la na sua vida e de fazer o bem a ela.
E nesse vai da valsa eu passei, aos poucos, a perceber que minha presença só era requisitada quando eu tinha alguma utilidade. É triste, sim, mas acredite: acontece. Sendo mais explícita: quando eu podia dar uma carona, emprestar uma grana ou rachar a conta, emprestar alguma coisa ou até elaborar um texto ou um currículo.
Descobri, também, outras formas de interesse que vão além, que é a bengala emocional. Explico: se sua imagem, por algum motivo, representa algo ‘inatingível’ pra alguém, essa pessoa vai querer saber a fundo sobre você e sobre sua vida, vai querer conviver com você pra descobrir sobre suas fraquezas e seus problemas; e isso faz com que ela “se apóie” nesse seu lado ruim pra se sentir um pouco melhor e aceitar o que ela própria julga que é. [Adendo alerta: atente para aqueles que só te procuram quando percebem que alguma desgraça lhe aconteceu. Se esta pessoa nunca está presente pra comemorar suas vitórias – vitórias estas das quais ela não pode se beneficiar – e só aparece pra saber dos seus problemas, ela pode estar te usando como bengala emocional]. Foi assim comigo – até eu me dar conta.
Calma, que tem mais: esses mesmos que me procuravam quando eu tinha algo a oferecer foram os primeiros a virarem as costas quando eu não pude oferecer nada (entenda “virar as costas” como ‘mudar o jeito’, ‘virar outra pessoa’, ‘sacanear e falar mal pelas costas’, entre outros). Quando fiquei dura, endividada, mal podia ter um lazer, tive que ouvir coisas do tipo: “olha, vou com fulano(a) em tal lugar, você não vai poder, né? Tá sem dinheiro“. Teve até um momento de lapso de generosidade, sim, onde rolou um empréstimo de dinheiro: pra que eu pudesse ir aonde o indivíduo queria ir, lugar este que estava beeeeem longe do meu conceito de diversão. Só rindo!
Já para quem curtia me usar de bengala emocional, o momento em que se afastou foi o momento em que eu passei a ficar bem, feliz (felicidade causada por coisas que, obviamente, nada o/a beneficiariam). Pra essa pessoa, não era interessante compartilhar deste meu bem-estar. O legal era saborear minha amargura. Entre, por exemplo, abordar o assunto “nossa, você vai fazer uma viagem, que legal” e “ai, você perdeu tal trabalho, né, que chato. Tá muito mal?” adivinha qual dos dois a pessoa ia escolher? Pois é.
Mas eu sou persistente e tenho fé nas pessoas, por isso, passei um tempinho no torpor até acordar e entender, finalmente, que estava depositando confiança em pessoas que não mereciam. E como a gente acorda? Juntando um caquinho aqui, outro ali, sentindo um fedorzinho acolá e montando a horrível imagem do quebra-cabeças. Porque, por mais que anos se passem e a pessoa disfarce EXTREMAMENTE BEM o que ela é, com um pouco de esforço e de coragem (para encarar a realidade), você consegue enxegar, mesmo que demore.
E qual a moral da história? Bom, antes de mais nada, não seja um/uma covarde com seus problemas. Encare-os de frente, doa o que doer – afinal, por mais que você passe pela dor insuportável da decepção, o alívio que se sente logo em seguida é recompensador demais. Em segundo lugar: não cultive raiva ou ódio por estas pessoas. É claro que é difícil e você vai dar uma pequena cultivada nos primeiros 5 minutos, mas, passando o impulso dessas emoções, respire fundo e abstraia. No fundo, é bem aquele clichê que falei lá no começo: cada um dá o que tem. Não exija de uma pessoa atitudes/sentimentos que ela nem mesmo conhece – ainda que você tenha tentado apresentar a ela.
E, em terceiro lugar, o óbvio: tenha cuidado com os laços que você estreita, porque, simplesmente, algumas pessoas não os merecem e nem saberão lidar com eles. Finalmente eu concluí que, assim como eu sou uma pessoa disposta a ajudar sempre que posso, acredito que eu mereça o mesmo em retorno – só que este retorno leva tempo e a confiança se constrói ao longo dele, aos pouquinhos. Confiar cegamente nos primeiros 5 minutos de cara fofinha ou de atitudes fakes bonitinhas é o caminho mais rápido para a frustração. Quem tem bom coração REAL não tem atitudes “fofas” só durante os primeiros 5 minutos, ou em algumas circunstâncias. Tem a vida toda, a todo momento.
Beijão, vida! Aprendendo de montão com você, hoje e sempre.
Até a próxima,
Marcéli