Sobre convivência e quanto valem as pessoas que não conhecemos bem

Pense no seu ídolo de infância (ou da atualidade) e em como você o imagina(va) no dia a dia, na "vida real". Perfeito, né? Sem nenhum defeitinho, nem uma ruga, nem uma acne, nem ao menos um chulé. Pois é. A novidade (que de novo não tem nada e você já deveria saber há muito tempo) é que ele ou ela tem milhares de defeitos. Defeitos que você nem imagina que uma pessoa pode ter; seu ídolo, muito provavelmente, tem manias estranhas, cacoetes, arrota, sofre de cólicas intestinais e solta pum – assim como todos nós.

O problema é que, ao conhecer uma nova pessoa, o ser humano tem a ilusão de que ela será supostamente como o seu ídolo de infância: sem defeito algum. E a valoriza gratuitamente, a coloca em um patamar que simplesmente não existe, cria expectativas fora da realidade – que, muitas vezes, fazem com que ele desvalorize alguém que já está ao lado dele (aí está um dos motivos para haver tanta traição por aí). Sabe qual vai ser o resultado disso? Eu te conto: frustração na certa.

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Vou dar outro exemplo prático para que você entenda melhor o que estou tentando dizer: imagine uma garota que acaba de terminar um relacionamento do qual saiu super decepcionada, frustrada, de coração partido mesmo. Supondo que esta garota ainda tenha a ternura de acreditar num 'amanhã' melhor, ela sai com as amigas e acaba conhecendo uma nova pessoa. Cheia de esperanças, ela deposita toda sua expectativa nessa nova pessoa, tendo a certeza de que essa nova pessoa irá curar todas as suas feridas. Impossível? Não. Mas a grande probabilidade é que ela se decepcione novamente.

Aí o tempo vai passando e ela vai vendo que ninguém está à altura de suprir suas expectativas; ela vai se tornando amarga, infeliz, se fecha para o mundo e levanta a velha bandeira do "ninguém presta". É claro que existem algumas pessoas piores do que outras – e existe também aquilo que você julga tolerável. Mas, infelizmente, a moral desta historinha, é que a grande culpada por se decepcionar tanto é a própria garota recém-solteira. Sabe por quê? Porque ela depositou expectativas demais. Ninguém nesse mundo é obrigado a superar nossas expectativas, até porque eles nem sabem quais são. Todos nós temos mil defeios e deformidades psicológicas e, todo mundo (sim, generalizando) vai decepcionar alguém um dia. Faz parte do (con)viver. 

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Óbvio que não devemos nos tornar amargos eternos por isso; devemos sim ser otimistas, mas não podemos deixar os pés saírem do chão, valorizando gratuitamente alguém que mal se conhece. Por que tanta gente se decepciona tanto por aí? Porque as pessoas estão cada vez mais aceleradas, deixando que os outros entrem em suas vidas sem mais nem menos, abrindo a guarda ansiosamente, sem parar pra dar um tempo e se conhecerem melhor. Ninguém quer conhecer; todo mundo já quer vivenciar enlouquecidamente, se jogar de cabeça sem medir as consequências. Pensam, em suas mentalidades infantis, que relacionamentos se constroem da noite para o dia.

"Puxa, 7 anos namorando? Não acredito!". É claro que você não acredita, porque um relacionamento de seis meses, hoje em dia, é considerado longo. Eu já tive esse pensamento, infelizmente. Contudo, hoje, posso dizer que minha mentalidade amadureceu muito, e até chego a pensar que 7 anos não são nada se pararmos para analisar que se leva muito, mas muito tempo mesmo, para conhecer alguém de fato, se adaptar a essa pessoa e aprender a conviver com o "pacote" todo. Sim, porque você deve saber que relacionamento não se resume só a partes boas, não é? A parte ruim vem junto… Aquele "gatíssimo" que você viu na balada e está doida para ficar solta pum, fala palavrão, aperta a bisnaga do creme dental pelo meio, come carne de porco e torce para o time de futebol que seu pai mais odeia. E aquela gostosona pela qual você sentiu o maior tesão odeia cigarro, é chorona (daquelas que se ofendem por qualquer coisa), gosta de assistir a filmes romântico-depressivos e vai te acordar de madrugada com o celular tocando, falando que não conseguiu dormir porque teve pesadelos.

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Brincadeiras à parte, a grande questão aqui é: até que ponto seu amor permite que você aceite os defeitos do outro? Todo mundo tem valores e partes ruins, isto é um fato; basta você ter certeza do que quer e saber que aquela(e) é quem você ama e com quem quer ficar. Que é ele(a) e somente ele(a) que você quer ao lado pelo resto de sua vida, com quem quer dividir os problemas, as alegrias… Esqueça essa ilusão infantil de príncipe ou princesa encantados: o príncipe encantado existe na pessoa que você aceitar como perfeita para você. Pode parecer clichê, mas os dizeres que você ouve em todo casamento – "na saúde, na doença, na alegria, na tristeza (…)" – são seríssimos e marcam um compromisso não só de amor, mas de humanidade para com o outro.

Falhas sempre ocorrerão, e é aí que entra a tolerância. Se até entre familiares rolam brigas e vontade de esganar um ao outro, imagine entre duas pessoas que não nasceram na mesma família, foram criadas com costumes diferentes, pontos de vista diferentes, levando vidas diferentes. É complicado pra caramba, ninguém disse que é fácil. Por isso tem tanta gente morrendo de medo de relacionamento por aí. Mas, se você quer a maravilha de amar e de estar com alguém, é bom estar preparado para os problemas que a situação acarreta – assim como estar solteiro(a) também traz os dois lados da moeda e assim como todos os outros segmentos da vida. Seja adulto(a) e aprenda a encarar.

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Imagens: Tumblr (reprodução).


Se você, homem, ou você, mulher, não tem certeza de que quer esta pessoa que está ao seu lado, não perca o tempo dela – e nem o seu. Deixe-a livre e vá se aventurar por aí – é uma escolha sua, mas lembre-se de que não existe ninguém melhor. Existe aquela pessoa que você quer aceitar, com todas as qualidades e defeitos, e aquela que te aceita de volta (porque é claro que tem que haver uma reciprocidade). O que existe é aquele defeito que você julga "aturável" e aquele que "nem ferrando", sabe como? Uma das coisas que aprendi sobre relacionamento e que gosto de passar adiante é que nada nessa vida é 100%. O que existe são pontos de vista e o que você julga que é melhor para você. Até que ponto vale a pena continuar e qual é a hora de dar um basta. A balança é sua, as decisões são suas, mas é bom lembrar que outros (e outras) virão, com outros defeitos e com outras qualidades e você precisa saber se está preparada(o) para isso.

E não queira exigir perfeição do outro se não existe perfeição nem em você mesma(o). Não supervalorize quem você mal conhece, achando que essa pessoa sim, será tudo o que você procura: não existe "tudo". Pise com calma nos terrenos desconhecidos, com o máximo de cautela possível, e abra espaço à medida em que você achar que vale a pena. Se decepcionar faz parte do pacote sim, mas, caso isso aconteça, você terá em mente que tomou todo o cuidado possível e que foi algo realmente inevitável – e não que você deu chance de sobra para isto acontecer. Aquela velha história do: "fiz minha parte, deu m$rd@, paciência".

por Marcéli Paulino

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