A importância de aproveitar o momento e de retribuir gentilezas

Antes que você comece a sonhar com presentes de Natal, já explico: a imagem de presente na capa da matéria e no corpo do texto não se refere a coisas materiais. A ambiguidade foi proposital, mas, a real intenção, é de fazer você entender o quanto algumas pessoas e atos são verdadeiros presentes em nossas vidas – e que muitas vezes você não os reconhece, eu aposto…

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Acho que eu já falei isso por aqui: eu costumava ser bem diferente na adolescência. Tinha outra cabeça – assim como a maioria, que evolui com o tempo (não, péra, nem todos) -, era excessivamente romântica, iludida, ingênua, para citar algumas 'qualidades'. Dos defeitos, eu portava o egocentrismo, a arrogância e a pretensão. É, eu era um purgante, pode falar.

Hoje eu tenho defeitos para caramba, se bobear, até em mais quantidade que antes, mas eu ganhei uma qualidade da qual jamais abrirei mão: a humildade. Sim, o ser humano é passível de ser arrogante, mas eu aprendi a controlar minha arrogância de uma maneira que, suponho, poucos devam conseguir. Ou muitos, vou ser otimista. Afinal, menosprezar o outro é tão fácil, né? É tentador. Só que, nessa brincadeira de se achar "o f*d@', a gente nem repara que pode fazer marcas em pessoas pelo resto da vida. Pessoas que são ou que eram importantes e que podem sumir, como que num passe de mágia, e nunca mais voltar para nossa convivência.

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Você pode não valer nada e, como consequência, achar que tudo que vou dizer aqui é uma grande bobagem. Mas se você tem uma mínima porcentagem de bom caráter na alma, meu texto sobre relacionamento de hoje é para você: já parou para pensar em quantas oportunidades ao longo da vida você perdeu, por não ter humildade? Quantos amigos deixou para trás, quantas pessoas poderiam fazer bem para sua vida e você descartou?…

Bom, você pode me dizer que "não foram tantas pessoas assim, a maioria não presta" e eu até serei obrigada a concordar. Mas aí eu vou te responder logo em seguida que pelo menos UMA boa pessoa você conheceu. E ela com certeza deve ser inesquecível; se você a deixou passar, meus pêsames. Mas, se ela ainda está em sua vida, aqui vai um conselho: valorize-a. Não me refiro apenas a relacionamentos amorosos; pode ser um amigo, uma amiga ou um familiar. Não deixe o tempo passar, fatalidades acontecerem ou a distância física surgir para lembrar que ama essa pessoa e que está disposto(a) a fazer tudo por ela.

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"Mas agora não tenho tempo de te ver", "estou sem dinheiro", "estou cansado(a)", "vamos deixar para outro dia" – aposto que você já usou essas frases mais do que espirra ou vai ao banheiro em um dia inteiro. E parece normal, né!? Só que não devia ser. Eu nem vou entrar no clichê de "não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje", porque eu acho desnecessário.

Um gesto de amor verdadeiro não precisa demandar nem cinco minutos: mandar uma mensagem, ver uma imagem bonita e/ou romântica e mostrar para a pessoa dizendo que se lembrou dela ou postar uma foto com uma declaração legal, por exemplo, são facilidades criadas pelo mundo virtual que tomam pouquíssimo do seu tempo, mas surtem um efeito enorme. E isso é tão pouco valorizado. Na minha timeline mesmo, são poucas as declarações de casais, de mãe para filha, de filha para mãe, de amigo para amiga, que vejo. Mas quando vejo, eu curto – e que pena que só dá para curtir uma vez, porque eu queria poder curtir umas 100 vezes.

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Muitos "seres humanos" nem sabem o verdadeiro significado da palavra solidariedade. É por isso que no meu post sobre desejos para 2015 eu desejo solidariedade real em primeiro lugar. Todo mundo tá preocupado com a primeira pessoa do singular – o que ME faz feliz – e não com o que faz o outro feliz. Poucos se importam com o que faz o outro sorrir; a impressão que eu tenho é que a maior parte das pessoas olha para alguém generoso e pensa: "como posso me aproveitar da melhor maneira desse trouxa?".

Quando, na verdade, o certo seria "nossa, como ele(a) é generoso(a); vou me espelhar e tentar ser igual, ou ao menos, retribuir". Já que estamos chegando na época do Natal, o verbo presentear é outro bom exemplo para eu me expressar: conheço gente que adora ganhar presentes, mas não gosta de presentear. Por que? Meu palpite é a mesquinhez. Claro, é muito cômodo ganhar coisas e não precisar gastar 1 centavo para dar nada a ninguém. E o pior nisso não é nem o dinheiro que se gasta ou deixa de se gastar; é a falta de consideração e de amor, a falta de prazer – e de entendimento – do que seja ter prazer em retribuir. A pessoa mesquinha e egoísta não QUER ter a "obrigação" de retribuir. E ela encara exatamente assim: como uma obrigação.

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Imagens: reprodução [Tumblr].

Deixando a humildade um pouco de lado agora (tá vendo, não sou infalível!), sou obrigada a admitir que tenho certo desprezo por pessoas assim. Não por interesse, não porque eu quero ganhar alguma coisa em troca sempre que eu fizer algo, mas porque pessoas assim não sabem o que é amor de verdade. Não sabem o que é ser feliz com a felicidade do outro, não se sentem felizes em poder fazer o bem ao outro sem colocar o seu próprio bem em primeiro lugar. Só estarão dispostas a sugar e sugar, sem se preocupar em fazer gentilezas de volta, sem se importar com retribuição – por amor, não por interesse. E acham, em suas cabeças, que a gentileza que recebem é obrigação do suposto "trouxa".

Ontem mesmo, conversando com meu pai, ouvi dele: gentileza não deve ser obrigação. E não deve mesmo, sábia frase. Pessoas mesquinhas, egoístas e egocêntricas julgam que não passa de uma obrigação receber gentileza dos outros. "Sou o máximo, é claro que ele(a) fará isso por mim". Não é bem assim, querido (ou querida). Além do mais, gentileza costuma gerar gentileza e não folga e oportunidade para se aproveitar ao máximo da situação. Portanto, pense melhor nas vezes em que você desperdiça boas pessoas da sua vida, afasta "presentes" de você porque agiu com mesquinhez e com egocentrismo. Por mais bondosa que a pessoa seja, a tolerância entra em jogo uma hora ou outra. E acaba.

"Aproveite o tempo que se tem, pois o tempo não volta. A única coisa que volta é a vontade de voltar no tempo".

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por Marcéli Paulino

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