Já diz o meu pai: "vassoura nova vale bem" – e antigamente eu me revoltava com esse comentário. Só que, mais uma vez, a vida me provou que essa frase tinha muito fundamento e eu chego à conclusão de que o lance é apostar muito pouco em quem mal se conhece. Ou nem apostar nada.
Eu confesso que sempre tive esse problema: esperar demais das pessoas. Por mais que eu tente me policiar, por mais que eu brigue comigo mesma para ser menos iludida, na prática simplesmente não consigo. Seja amigo, seja parente, seja namorado… eu sempre esperei muito dos outros. E sempre me doei demais também, gratuitamente, simplesmente por querer me doar e por tentar dar o meu melhor. Adivinha se não quebrei a cara infinitas vezes…
E o pior é que não dou o meu melhor no intuito de parecer boa ou de fazer uma média; eu o faço porque isso me traz felicidade. Eu fico feliz em fazer quem eu amo feliz e quem me conhece sabe disso. Algumas pessoas não devem entender o que é isso, mas quem se sente igual vai entender. Acontece que ainda não me canonizei, não sou um ser de luz a ponto de levar na cara, uma, duas, três, quatro vezes e ficar calada para sempre. Uma hora a gente cansa.
A gente cansa de tentar fazer o melhor e não receber nem um "obrigado". A gente cansa de ouvir que o que fazemos não é o bastante; a gente cansa de virar as costas e saber que está sendo mal falada por pessoas a quem você tentou agradar ao máximo, por quem você tinha consideração e de quem você gostava de graça, simplesmente porque simpatizou. As pessoas confundem boa vontade com imbecilidade. "Olha lá a idiota, vamos ver o que ela tem pra nós hoje". É bem por aí que funciona a cabeça de uma pessoa ingrata. "Vamos ver o quanto ela pode me servir hoje".
Quando conheço alguém, tenho o péssimo hábito de reparar nas qualidades e deixar que estas qualidades encubram os defeitos. Os defeitos aparecem ao longo do tempo, mas eu me cego a eles, porque eu quero acreditar que as qualidades sempre podem se sobressair. E eu fico acreditando nisso, por um bom tempo. Até que, aos poucos, eu me sinto infeliz e não entendo o por quê. Aí, me obrigo a enxergar a realidade como ela é, e não como criei, e vejo a cena horrível diante de mim. E bate a decepção e a frustração.
Então, eu chego à conclusão de que a maioria dos relacionamentos pelos quais passei por decepção, grande parcela da culpa foi minha. Porque eu idealizei a pessoa da forma como eu queria exergar, eu ignorei os fatos diante de mim. Resultado: eu paguei a conta depois. Quando estamos apaixonadas, amenizamos os problemas para tentar nos convencer de que ainda vale a pena. Você já fez isso, aposto. Por mais que a pessoa vá revelando um carater completamente desviado, distorcido e vulnerável, a gente quer acreditar que ainda existe algo de bom nessa pessoa e que podemos trabalhar isso para melhorá-la. A idiota mania de achar que podemos mudar alguém.
E a gente descobre que AS PESSOAS NÃO MUDAM. Elas não vão mudar, principalmente por outra pessoa. Por elas mesmas, até pode ser, desde que ela chegue a essa conclusão sozinha, não influenciada por alguém – e desde que ela tenha BOA ÍNDOLE. Não adianta convencer o errado a dar certo, porque é perda de tempo, de energia e de boa vontade. Não invista sua boa vontade em pessoas erradas.
E mais: desconfie de alguém que nunca assume as próprias culpas e que sempre dá um jeito de culpar qualquer outra coisa ou pessoa para justificar as merdas que faz. Seja uma coisa pequena, seja uma coisa grande. Quem mente por algo pequeno, vai mentir por algo maior; quem passa a perna por besteira, vai passar a perna por algo importante futuramente. Quem trái a confiança de graça por qualquer bobagem, não vai pensar duas vezes em trair de novo por algo mais grave. E quem maltrata a própria família e as pessoas com quem convive, vai te maltratar futuramente, assim que tiver mais intimidade ou que achar que já tem liberdade para isso. Pode apostar.
Imagens: Tumblr, The Suit World e We Heart it [reprodução].
Quem ama também não mente, não comete ingratidões, não trai a confiança, entre outras mil coisas ruins que um ser humano é capaz de fazer quando acha que tem o controle da situação e que nunca será descoberto. Pare de idealizar alguém que você achou que existia e passe a enxergar quem realmente existe ali. Não feche os olhos para situações estranhas e para falta de sinceridade. Não fique acreditando no seu conto de fadas cegamente, porque quando você acordar, você mesma irá sofrer com o que vai enxergar na vida real. E você merece ser feliz, acima de tudo. Se não for ao lado de alguém, que seja sozinha – principalmente sozinha. Entenda que o amor não é uma escravidão, mas um modo de ser feliz ao lado de alguém; se não for pra ser feliz, não é amor – nem do lado da outra pessoa, nem do seu lado, que amou errado.
Beijos e boa semana,
Marcéli Paulino.
Me chamo Marcéli Paulino, nascida em 16 de Julho de 1988, e sou bacharel em Tradução e Interpretação, curso que iniciei com 17 anos! Um pouco antes de me formar, já me interessava muito por moda e sabia que queria estudar e atuar na área. Então, assim que peguei meu diploma, foi o que fiz: procurei formações na área, que era meu sonho…