Eu refleti muito a respeito disso e comparei vários acontecimentos, tanto em minha própria vida, quanto na vida de outras pessoas – amigas, conhecidas… e aqui darei o meu parecer.
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Em primeiro lugar, acho que ninguém é obrigado a se manter em um relacionamento por questões sociais ou de status. Ao menos para mim, as principais condições para dar continuidade a uma vida a dois são [além de se gostar, é claro] estar feliz, ter reciprocidade e compartilhar os mesmos valores. Se um destes três, a meu ver, não vai bem, a balança já pende perigosamente para um suposto término. Porque não dá para viver infeliz, nem dá para viver sendo explorada ou se sentindo invisível [em questão de carinho e sentimentos] e não dá para valorizar coisas que seu parceiro não valoriza – e vice-versa.
E já deu para notar, ao longo da minha curta vida, que homens covardes e/ou machistas adoram jogar a culpa para a mulher quando as coisas não vão bem. Já aconteceu comigo: ele não te dá atenção? A culpa é sua que é muito exigente. Ele quer sair demais com os amigos e pouco com você? A culpa é sua que é muito chata e briguenta e o afasta. Ele te traiu? A culpa é sua por não ser atraente ou por não satisfazê-lo sexualmente da forma como ele exige. E sabe o que é ainda pior que todas essas justificativas nojentas? Que tem muita mulher que as aceitam.
Eu juro que tento evitar entrar na questão sexista, mas chega a ser inevitável, em se tratando dos mais decorrentes problemas de relacionamento. Porque tudo, infelizmente, ou quase tudo, está ligado ao machismo. A sociedade sempre foi acostumada a jogar a maior parte dos problemas conjugais [e sociais também] na mulher. Se a mulher trabalha, é uma mãe e uma esposa ausente; se não trabalha, é uma encostada e oportunista, que aproveita para rasgar dinheiro enquanto o "pobre marido" rala a semana inteira. Se ela fica em casa e não tem amigas é uma tediosa que não sabe se relacionar; se sái com as amigas é uma vagabunda que vive na noite. Vocês, que se identificam com meu modo de pensar, devem entender o que quero dizer.
Ou seja: NUNCA essas pessoas que têm essa mentalidade retrógrada – normalmente homens – vão compreender quando chegamos à conclusão de que basta. Eles nunca vão reconhecer que fizeram uma merda atrás da outra ou que foram uns maridos/namorados de bosta para querermos desistir de sermos trouxas e tocar nossa vida independentes. Para eles, nós nunca demos chance o suficiente, não fomos boas o suficiente e não nos anulamos o suficiente.
E eu posso lhes dizer, com voz de experiência, que a gente só se toca do quanto foi trouxa quando deixa essa situação para trás. Normalmente, quando ainda estamos dentro dela, não vemos com olhos de realidade. É difícil acordar e ver o quanto estamos nos submetendo sem necessidade alguma. Fala a verdade: que amor é esse que ele diz ter, se a cada oportunidade ele te deixa de lado para correr atrás dos próprios interesses?
Que amor é esse que quer te fazer sentir rebaixada? Submissa? Em desvantagem?? Em minha concepção, pelo menos, o amor soma. O amor quer agregar, quer agradar, fazer feliz e não os opostos disso. E se você se mantém em um relacionamento passando por tudo isso, você já está SIM dando uma chance. A primeira mancada que você perdoa já é uma chance. Mas é lógico que eles não entendem isso. Ou fingem não entender, só para fazer aquele psicológico na nossa cabeça e nos "obrigar" a ficarmos na situação em que nos encontramos: infelizes. E sempre cobrando, cada vez mais, de nós mesmas.
Então, depois de – sei lá, um ano? Dois? Três?? – de relacionamento, em que você já tentou de TUDO, já se matou, fez das tripas coração [e constatou que de nada adiantou], você resolve colocar um ponto final com toda a razão, você ainda acha mesmo que tem alguma culpa nisso? No que eles são tão melhores que nós, por não termos o direito de desistir? Nós temos SIM o direito de desistir. Aliás, eu acho que temos até um dever. Um dever para conosco. Um dever de amor próprio, de orgulho… porque ser humano nenhum vive bem sem ter um pouquinho de orgulho. Se o seu namorado/marido não te valorizou em anos de relacionamento, a tendência é piorar, eu garanto. Só que para um machista é imperdoável se olhar no espelho e saber que levou um pé na bunda.
Mais difícil ainda é admitir para si mesmo que não conseguiu segurar a mulher do lado, que todas as suas artimanhas foram por água abaixo. Não adiantou ele querer se achar o foda – porque, no final das contas, foda mesmo é a mulher que consegue peitar um idiota desses e encarar a vida sozinha, em meio a uma sociedade nitidamente influenciada pelo ranço patriarcal. Não adiantaram joguinhos, intrigas, psicológicos… você conseguiu sair disso. Viva a liberdade!
Imagens: Tumblr [reprodução].
E quando aquele sentimento de culpa quiser bater à sua porta, lembre-se de todos os momentos em que você se sentiu colocada de lado, menosprezada, exaurida, explorada e submetida a situações nas quais você estava super infeliz e ele não deu a mínima para seus sentimentos. Lembre-se de que todo o tempo que você ficou ao lado dele, seja um mês, seja um ano, ele usou para te fazer de trouxa ao invés de aproveitar esse tempo para lhe valorizar. Que tudo o que você deu é muito caro para ter atitudes baratas em troca. Lembre-se de que você não merece passar por isso. E, principalmente, lembre-se que, logo de cara, é possível ver o que cada um tem para dar. Se o que ele te deu até agora não foi o suficiente ou não retribuiu você à altura, jamais será. As pessoas não mudam. O que muda é nossa atitude em relação a uma situação que já está uma merda faz tempo.
E aí, qual vai ser sua atitude?
por Marcéli Paulino
Me chamo Marcéli Paulino, nascida em 16 de Julho de 1988, e sou bacharel em Tradução e Interpretação, curso que iniciei com 17 anos! Um pouco antes de me formar, já me interessava muito por moda e sabia que queria estudar e atuar na área. Então, assim que peguei meu diploma, foi o que fiz: procurei formações na área, que era meu sonho…