Eu odeio – de verdade – começar qualquer frase com esta palavra: proibido. Mas, hoje, infelizmente (ou seria felizmente?) isto se tornou necessário, pelo simples fato de que expectativa é um dos males da humanidade, cheguei à conclusão.
Já escrevi outros posts mencionando esse problema e sempre caio no mesmo paradoxo: ao passo que expectativas são ruins e não devem ser criadas, é impossível NÃO criá-las.
Só que hoje, o intuito desse post é tratamento de choque, diferente dos outros que já escrevi. De tanto quebrar a cara com as mesmas coisas e me encontrar em situações iguais com pessoas diferentes, eu decidi que, para entrar na minha cabeça, de uma vez por todas, o quanto isto é ruim, tenho que ser radical na questão e me proibir de criar a “maledeta”. Se você se encontra na mesma situação, vem comigo.
O termo “criar expectativa”, às vezes, se camufla por trás da expressão “esperar algo”. Quando esperamos alguma coisa – que aconteça ou que não aconteça – já estamos idiotamente treinando nosso cérebro para encarar um tipo de resultado – o que, normalmente, NÃO acontece. Ou seja, trocado em miúdos, estamos nos iludindo. E o que ganhamos com isso? Frustração.
Se tem uma solução pra isso? Eu ainda estou avaliando, mediante minha pouca experiência de vida. Mas, para ajudar a mim mesma e a você, que está lendo, eu tenho algumas pistas. Vou citá-las em formato de perguntas, que fica mais fácil e mais claro de ser lido e de ser compreendido.
– Por que esperar algo dos outros é ruim?
Minha mãe sempre diz que a gente deve esperar pelo pior. Porque, com o bom é fácil de se acostumar e, com o ruim, não. Então, se esperamos pelo pior e o melhor acontece, é de boa aceitar. Se, por outro lado, esperamos o melhor e o pior acontece, é devastador. Agora: se esperamos pelo pior e o pior acontece, ao menos, já estávamos nos preparando (não que isto torne a coisa menos devastadora, mas, enfim). O fato é: colocar esperança/expectativa em outras pessoas é furada porque, muitas vezes, nem nós mesmos conseguimos cumprir nossas próprias expectativas. Em se tratando de ser humano, cheio de incertezas, de não-exatidões, de questões relativas, é suicídio emocional depositar expectativa em alguém. E quando digo “alguém”, me refiro a todo mundo. Família, amigos, amores, todo mundo. Inclusive você mesmo.
Aí você me pergunta: “então tenho que viver esperando o pior e pensando no pior sempre?” e eu digo: não. Não precisa se transformar num ser terrivelmente pessimista, que vive no fundo do poço, sem perspectiva alguma. Basta você ter em mente que as pessoas falham, que nós mesmos falhamos e que, toda vez que você planejar uma coisa, existe uma grande possibilidade de esta coisa não sair da forma como você planejou. Se você se preparar para a decepção, a hora em que ela aparecer não lhe será tão dolorido.
É como uma boxeadora: ela caleja as mãos no treino, socando os sacos, dando murros. Quando chega o momento da luta e ela leva aquela pancada onde está calejado, não dói tanto. Vai colocar uma pessoa sem treino em uma luta, para você ver o estrago. Bem maior! Metaforicamente falando, é a mesma coisa. Se você treinar seu cérebro para várias possibilidades e se preparar para encarar qualquer uma delas, a pancada não será tão grande e você conseguirá lidar melhor com o efeito dela.
– Pensar positivo é criar expectativa?
A meu ver, não. Já me perguntaram isso antes e eu achei a questão bem relevante, porque, grande parte das pessoas confunde pensar positivo com se iludir. São coisas diferentes: quando você se ilude, você fecha os olhos para a realidade da situação, independente de qual ela seja, e enxerga apenas o que você quer, da forma que lhe é mais favorável. Quando você pensa positivo, você tem consciência da realidade em que está, favorável ou não, mas, você não aceita se deixar abater pelos problemas e tenta olhá-los com os melhores olhos que puder – seja para encará-los, seja para tentar resolvê-los.
– Como não criar expectativa mediante uma situação?
É mais ou menos a mesma coisa da primeira pergunta: situações são criadas por nós, seres humanos, e seres humanos são cheios de falhas, de incertezas. de poréns. Se a gente precisa controlar a expectativa mediante as pessoas, que dirá situações que não estão sob o nosso controle. Aliás: não creio que exista alguma situação que esteja sob nosso controle. Nada está. Poderia dizer que só temos controle sobre nós mesmos, mas, às vezes, até disso eu duvido. Não precisa esperar pelo pior; você pode desejar que o melhor aconteça, mas, precisa ter nítido em sua mente que outra coisa pode acontecer e que pode não ser o que você quer. Quase nunca será como você quer, essa é a verdade. Mas, enfim: se prepare para tudo. Este, creio eu, é o caminho.
Espere por NADA
Vou contar uma coisa que já vivenciei mais de uma vez: normalmente, quando não estamos esperando nada é que as coisas acontecem. Basta você vegetar no seu canto, esperando por nada que – PLIM! – algo legal acontece. Dos exemplos mais bobos aos menos: eu um dia, passeando pelo shopping, sem pretensão de comprar nada, avisto uma promoção daquelas absurdas, dando a peça “de graça”, de uma roupa que queria muito, há muito tempo e que nunca tinha comprado por ser cara. Ou, como uma vez, em que eu queria muito assistir a um filme que nunca mais passou na TV e, de repente, eu de bobeira deitada no sofá da sala, me deparo justamente com o filme que eu queria ver.
Ou, como outra vez, em que estava mexendo no celular, de bobeira, e subiu uma mensagem de uma pessoa com quem eu queria muito falar, há tempos, mas nunca conseguia – ou ela nunca podia falar comigo por estar ocupada ou sei lá (adendo: nestes casos, já aconteceu de eu fazer a amarga e não querer falar mais, risos).
Já aconteceu tanta coisa em momentos que não esperava por nada e, com certeza, já aconteceu com você também. Você pode não se lembrar, mas já aconteceu. Devemos focar nestas memórias para reforçar em nossa cabeça que esperar por nada é a melhor solução para não quebrar a cara.
Vai chegar o feriado? O fim de semana? Legal, não planejei nada, deixa a vida me levar. Tipo isso, sabe? Eu sempre fui a louca dos planejamentos. Quando estava solteira, já falava com as minhas amigas no começo da semana, alguns dias antes do feriado, para resolver aonde íamos, o que íamos fazer – e nem todo mundo gosta de planejar as coisas. Pra quem é organizada, como eu, isto é o fim do mundo, mas, a gente tem que entender que nem todos são como nós. E respeitar o jeito dos outros, fazer o que. Às vezes dava briga, porque eu tinha amigas que não queriam combinar nada e deixar para resolver na hora.
Em relacionamentos, também sou assim: detesto fazer coisa de última hora – sempre tive a impressão de que parece que não teve nada melhor pra fazer e aí lembrou que tem namorado(a), sabe? Mas, tem pessoas que são assim, volto a dizer. Depois de bater a cabeça algumas vezes, resolvi que preciso de alguém que goste de planejar algo junto comigo, porque isso é algo que me incomoda, caso não exista. E, bem, tamos aí, né. Trabalhando nesse intuito.
Em suma: se você evitar fazer planos ou, ainda que os faça, ter em mente que eles podem não dar certo, sua vida será menos chata, porque você vai se decepcionar bem menos vezes – ou, ao menos, vai saber lidar melhor com as decepções. Porque, pra falar a verdade, as pessoas não têm culpa da expectativa que você coloca nelas – a menos que sejam situações muito específicas. A vida sempre tem uma surpresa ou uma piadola para jogar na nossa cara e, quer queira, quer não, temos que estar preparados para todas elas.
Imagens: Tumblr [reprodução].
Aquele velho jargão: ore pelo melhor, prepare-se pelo pior… e encare o que vier – com dignidade!
Beijos e até o próximo textão!
Me chamo Marcéli Paulino, nascida em 16 de Julho de 1988, e sou bacharel em Tradução e Interpretação, curso que iniciei com 17 anos! Um pouco antes de me formar, já me interessava muito por moda e sabia que queria estudar e atuar na área. Então, assim que peguei meu diploma, foi o que fiz: procurei formações na área, que era meu sonho…