Contudo, a riqueza de materiais, o trabalho manual e as belíssimas texturas presentes nas passarelas da alta costura mantêm-se como pré-requisito, mesmo para as peças mais "simples". Com a crise econômica, as marcas de luxo se viram obrigadas a ostentar menos no quesito "visual" da coisa. Foi-se o tempo de John Galliano e Yohji Yamamoto, com suas produções maximalistas cheias de conceitos e exercícios estéticos e entra a era de Isabel Marant, Chloé e Céline.
SIMPLIFICADO, PORÉM ELITIZADO
As grifes que integram o time das semanas de alta costura ao redor do mundo continuam mantendo sua faixa de preço – alto! -, como outrora. A mudança atingiu o shape, que simplificou e passou a ser feito com o intuito de facilitar a vida das mulheres, em peças mais coordenáveis com o que já se tem o guarda-roupa. Os materiais, no entanto, são os mais nobres, como, por exemplo, a alfaiataria. A mensagem implícita nisso tudo? "Se você vai gastar muito, que seja em algo de longa duração".
JOGO DE DOMINÓ
Assim como na década de 40, época em que a Segunda Guerra Mundial influenciou a indumentária, principalmente feminina, os looks foram marcados por cores fechadas com apelo militar e silhueta reta e mais sisuda. Isso é mais uma prova de que os acontecimentos do universo econômico-mundial refletem também na moda.
Andrea Bisker, diretora do portal de tendências WGSN na América Latina, concorda com a veia comercial que também invadiu as passarelas de alta-costura. "Isso também acontece com as silhuetas, cada vez mais multifuncionais e adaptáveis ao dia a dia. Acredito que a crise afetou o mundo como um todo e a forma como esses estilistas estão pensando seus designs", comenta.
Como moral da história, acabamos por nos deparar com uma grande ironia: enquanto as passarelas de alta-costura passam a pregar o "chic sem esforço" como estilo de vida do momento, os looks de rua aparecem cada vez mais elaborados, em muitos casos, montados por peças de fast-fashion. Nesta eterna competição pelo destaque em meio à multidão, parece que agora o ganhador do prêmio será aquele que mostrar – e vestir – as melhores ideias, não importando a procedência da roupa ou quanto ela vale. Esta sim, parece ser a real democratização da moda.
por Marcéli Paulino
Me chamo Marcéli Paulino, nascida em 16 de Julho de 1988, e sou bacharel em Tradução e Interpretação, curso que iniciei com 17 anos! Um pouco antes de me formar, já me interessava muito por moda e sabia que queria estudar e atuar na área. Então, assim que peguei meu diploma, foi o que fiz: procurei formações na área, que era meu sonho…