A alta costura se renova e também se torna adepta do menos é mais

Que a moda anda mais democrática e com um apelo muito mais comercial, nós já sabemos. As passarelas dos últimos Fashion Rio e SPFW não nos deixam mentir sobre o fato de que a veia conceitual, produzida alguns anos atrás para causar impacto somente nos desfiles, não é mais o ponto forte. Com a clara mensagem que pode ser resumida em uma única palavra – "vender" -, também as grifes de alta costura aderiram ao "menos é mais", deixando a pompa e o maximalismo de lado para dar lugar a looks com formas mais simples e peças atemporais.

Contudo, a riqueza de materiais, o trabalho manual e as belíssimas texturas presentes nas passarelas da alta costura mantêm-se como pré-requisito, mesmo para as peças mais "simples". Com a crise econômica, as marcas de luxo se viram obrigadas a ostentar menos no quesito "visual" da coisa. Foi-se o tempo de John Galliano e Yohji Yamamoto, com suas produções maximalistas cheias de conceitos e exercícios estéticos e entra a era de Isabel Marant, Chloé e Céline.

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SIMPLIFICADO, PORÉM ELITIZADO

As grifes que integram o time das semanas de alta costura ao redor do mundo continuam mantendo sua faixa de preço – alto! -, como outrora. A mudança atingiu o shape, que simplificou e passou a ser feito com o intuito de facilitar a vida das mulheres, em peças mais coordenáveis com o que já se tem o guarda-roupa. Os materiais, no entanto, são os mais nobres, como, por exemplo, a alfaiataria. A mensagem implícita nisso tudo? "Se você vai gastar muito, que seja em algo de longa duração". 
 

Até mesmo em estações diferentes é possível visualizar uma linearidade entre as tendências. Se prestarmos atenção, a cartela de cores e muitas estampas do verão para o inverno se mantêm. O vinho – então chamado "burgundy", para ficar mais chique – e o verde esmeralda estão aí para provar. Em um país como o nosso, por exemplo, onde a mudança de temperatura não é tão brusca, isso é um bom negócio.

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JOGO DE DOMINÓ

Assim como na década de 40, época em que a Segunda Guerra Mundial influenciou a indumentária, principalmente feminina, os looks foram marcados por cores fechadas com apelo militar e silhueta reta e mais sisuda. Isso é mais uma prova de que os acontecimentos do universo econômico-mundial refletem também na moda.
Andrea Bisker, diretora do portal de tendências WGSN na América Latina, concorda com a veia comercial que também invadiu as passarelas de alta-costura. "Isso também acontece com as silhuetas, cada vez mais multifuncionais e adaptáveis ao dia a dia. Acredito que a crise afetou o mundo como um todo e a forma como esses estilistas estão pensando seus designs", comenta.


A alta costura se renova e também se torna adepta do menos é mais

Como moral da história, acabamos por nos deparar com uma grande ironia: enquanto as passarelas de alta-costura passam a pregar o "chic sem esforço" como estilo de vida do momento, os looks de rua aparecem cada vez mais elaborados, em muitos casos, montados por peças de fast-fashion. Nesta eterna competição pelo destaque em meio à multidão, parece que agora o ganhador do prêmio será aquele que mostrar – e vestir – as melhores ideias, não importando a procedência da roupa ou quanto ela vale. Esta sim, parece ser a real democratização da moda.

por Marcéli Paulino

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