Assunto dos mais sérios da atualidade, o uso de trabalho escravo na cadeia das confecções vem se tornando uma discussão recorrente na indústria da moda. Vários casos já foram divulgados pelos jornais nos últimos anos, envolvendo marcas locais ou grupos internacionais – principalmente desde o lançamento do Pacto Contra a Precarização e pelo Emprego e Trabalho Decentes em São Paulo, assinado em 2009. Apesar das discussões geradas em torno do tema, poucos realmente se interessam pelo assunto a ponto de transformá-lo em um banco de dados atualizado. O resultado é que empresas acabam ganhando fama eterna de escravagista diante do público consumidor, mesmo depois de tomadas medidas sobre o assunto.
Eis que uma das ONGs mais interessadas no assunto colocou na rede um aplicativo para celular que se propõe a acompanhar de perto esses casos – e a orientar os consumidores na hora de fazer uma compra consciente. O Moda Livre foi lançado nesta quarta-feira (11) e é projeto da Repórter Brasil, um coletivo de jornalistas, educadores e cientistas sociais coordenado por Leonardo Sakamoto.
Bem-intencionado, o aplicativo é ideia interessante para consolidar um volume monumental de informações desencontradas. Para o lançamento, a equipe da Repórter Brasil elencou os dez mais da lista dos maiores varejistas do mercado e incluiu os principais casos flagrados pelo Ministério Público nos últimos anos.
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O chamado "top 22" do aplicativo inclui os gigantes varejistas (Renner, Riachuelo, C&A), empresas do grupo Restoque (Le Lis Blanc, Bo.Bô, John John), Zara (flagrada em 2011) e micromarcas como a Talita Kume, do Bom Retiro. Cada empresa aparece individualmente no app, para consulta pública, sob um ranking de três posições – verde, vermelho e amarelo -, obtido via pontuação a partir da análise da situação da empresa perante a Justiça e um questionário enviado pela ONG.
Atualmente, a C&A é a única que ganha "sinal verde", por nunca ter sido autuada e manter um sistema transparente sobre o assunto. Por outro lado, a 775 ganha vermelho por não revelar aos clientes e à mídia se mantém trabalho escravo (depois do flagra em 2010) e quais providências toma sobre o assunto.
Da forma como é construído, o app pede muita moderação na consulta por conta dos critérios de avaliação do grupo. Tudo por que as empresas que não responderam ao questionário criado pela ONG – seja por falta de prazo, falta de interesse ou qualquer outro motivo – são jogadas na mesma vala das marcas infratoras.
Moda justa!
por Lindizzima