André Lima retorna ao SPFW 12 anos depois com baile das peruas e homenagem a Liana Padilha
Confira o line-up completo do SPFW N57, que estréia, finalmente, em locais novos.
As primeiras impressões e registros da 54a semana de moda paulistana.
Um balanço de todos os desfiles do SPFW n53 por Marcéli Paulino
Marcada pela morte do modelo Tales Cotta, de 27 anos, a semana de moda paulistana teve muitos altos e baixos nessa edição.
O post da vez sobre o evento vai falar de tendências de moda, sim, mas, também de sugestões sobre melhorias que poderiam vir a ser feitas na estrutura do SPFWn47 – e são muitas!
Acompanhando, felizmente, uma linha cada vez mais democrática e inclusiva, as marcas da temporada fizeram bonito ao apresentar suas coleções [salvos uns detalhes em termos de estrutura de desfile]. Aqui, falarei das minhas favoritas.
A pompa de sua moda festa migra para a linha de beachwear, com muita fenda e com muitos recortes. A cartela de cores e as estampas passeiam entre o étnico e o lúdico, tanto para eles, quanto para elas, apresentando uma moda praia que dá vontade de usar e desfilar por aí, pra fora das passarelas.
Tem duas coisas que gosto muito nesta grife: uma delas, é a capacidade de criar looks andróginos muito atrativos; a outra é apostar em peças únicas que, além de muito práticas, estão super em alta no mercado atual (aka vestidos e macacões). Uma vez que vivemos correndo contra o tempo, é uma facilidade ter uma peça assim para vestir ao acordar de manhã cedo, com sono, e sem muita inspiração. Acompanhada de uma cartela de tons fechados, em um cinza chumbo, quase preto [representando o luto, talvez?], diria que essa soma de fatores formaram apostas certeiras da Beira.
Entrando de cabeça na vibe esportiva e nos anos 80, Bobstore não economizou no brilho e nas formas retas em sua coleção para o verão 2020. O Tropicalismo, que foi tema base para a elaboração da coleção, foi ilustrado através das cores quentes e da técnica de moulage em algumas peças, apresentando um verão cheio de boas referências e fácil de usar.
Gosto muito da irreverência que a marca sempre imprime em suas performances e da moda inclusiva na qual trabalha, aliando versatilidade à praticidade nas coleções – algo que, como esta, não foi diferente em suas formas retas e apelo confortável. No entanto, vale ressaltar o exagero de irreverência ao qual o(a) diretor(a) de desfile chegou, quando permitiu a platéia assistir ao desfile em pé e aglomerada. A meu ver, quando promovemos um evento, devemos pensar em como a audiência vai se sentir; tendo em vista que muitas pessoas presentes foram para registrar a coleção e não para “dar close”, e considerando que haviam pessoas de todas as idades, iclusive bem mais velhas, muitas delas já cansadas com o corre-corre da semana intensa de trabalho (quem trabalha ou já trabalhou em uma semana de moda sabe o quanto é exaustivo), a aglomeração e o zero conforto oferecidos pelo desfile passou a mensagem de falta de consideração com sua audiência.
Agregando o melhor da moda festa para o casual chic, a grife arrasou na passarela do SPFNn47 com suas ricas transparências, modelagens – godê e de um ombro só – e camadas de tule em contraponto a padronagens como o xadrez (reinventado), as listras a as t-shirts. Tudo muito usável e, ao mesmo tempo, elegante. Muito bom e coerente o trabalho de reutilização de tecidos do ateliê na criação das peças.
Boho-chic, romantismo e modernidade se encontram no verão 2020 da marca, que apostou fortemente nas formas fluídas e na modelagem ampla de shapes retos. A parceria com a marca de sapatos Manolita agregou sofisticação às produções bem pensadas, que deixam a mulher urbana pronta para qualquer ocasião do seu dia a dia.
A praticidade de formas retas em casacos, calças e conjuntinhos de short e camisa ganharam um equilíbrio muito bem-vindo de tons suaves, como o azul, o verde e o lilás. Gosto muito do apelo andrógino impresso em algumas marcas que desfilaram essa temporada e com Lucas Leão isso também acontece. A modelagem ombro a ombro aparece, inclusive, no guarda-roupa masculino, mostrando que o vestir pode e deve ser o mais versátil possível. Interessante a combinação dos chapéus feitos com mesmo tecido dos looks, tudo “combinandinho”.
Iniciando com um apelo militar-moderno e indo para uma cartela de cores mais alegre, Korshi seguiu a mesma tendência inovadora de modelagens democráticas, imprimindo não só o ombro-a-ombro para os homens, como também os croppeds. As produções bem-pensadas de vestidos, macaquinhos e conjuntinhos apresentam um equilíbrio de volumes, que varia entre a parte superior e inferior, favorecendo qualquer biótipo. Bem democrático e inclusivo, como a moda deve ser.
Encerrando com chave de ouro minha lista de desfiles favoritos, a LED arrepiou na união de moda inclusiva e manifestação política, num momento tão delicado em que estamos vivendo e onde ações como essa se fazem necessárias. A cartela de cores se apresentou invernal, com preto, branco, cinza e caramelo, salvos alguns tons de azul royal, laranja e verde oliva que apareceram pra colorir levemente a coleção. Destaque para as modelagens de apelo esportivo, para o tricô e as sobreposições, estampadas com frases irreverentes que tornavam os looks ainda mais desejáveis.
Falando em estrutura, aqui segue uma lista com algumas sugestões para melhoria da funcionalidade do evento como um todo:
Um beijo e até a próxima temporada de desfiles!
Marcéli
A moda mudou. E quando digo isto, não me refiro somente às mudanças estéticas, trazidas a cada temporada, mas, ao conceito. Que sempre se atualiza de acordo com o tempo em que vivemos. Sempre digo que, muito além da indumentária, moda é comportamento; é manifesto; expressão e, por que não, ideais.
E que tempo será que vivemos agora? Como queremos ser representadas pelas marcas que expõem suas ideias na passarela? Depois de uma longa reflexão, de uma coisa eu tenho certeza: não há mais espaço para o fútil. A ostentação e o glamour estão, mais do que nunca, fora de moda. Isso se extende, inclusive, para além da indumentária e refere-se também à atitude, onde arrogância e exclusão também estão OVER há muito tempo. Mas isso é assunto para um outro post.
A 45ª edição do São Paulo Fashion Week teve como inspiração as poesias de Conrado Segreto. Mais que o romantismo e que a liberdade de expressão do autor em suas obras, senti que esta semana de moda representou fortemente a diversidade, muito mais que as semanas anteriores. E eu sinto que a tendência é, felizmente, (re)afirmar esse ponto de vista, cada vez mais.
Afinal, o que é moda sem inclusão e liberdade? Não dá mais para ficar na negação, mantendo antigos padrões em que a moda era considerada um divisor de águas no âmbito social; em que era necessário “rezar pelas cartilhas das revistas e das vitrines”ou você seria olhado torto e excluído de uma rodinha. Moda não é mais isso há muito tempo.
Sendo assim, vamos a um panorama dos desfiles que mais me agradaram – não só em termos de informação de moda, mas, em seu conceito como um todo!
Não dá pra fugir da moda praia, nem mesmo no Outono-Inverno, considerando que esse imenso país possui partes que vivem o verão o ano inteiro. Sendo assim, uma das marcas de moda praia carimbadas da semana paulistana investiu numa coleção romântico-retrô para seu beachwear, entre babados, poás, listras e formas geométricas.
O estilo rococó foi atualizado pela modernidade das cores e das prints gráficas, que enfeitaram suas roupas de banho em modelagens tomara-que-caia, off shoulders, cortininha e maiôs. Ponto para a produção do desfile da marca, que optou por modelos de diferentes idades e biótipos na passarela.
Idealizado e executado pelo estilista Gustavo Silvestre, o Projeto Ponto Firme oferece aulas de crochê aos detentos da penitenciária Desembargador Adriano Marrey, em Guarulhos – SP. O trabalho de capacitação resultou na coleção que abriu o primeiro dia de evento na capital paulistana.
Na passarela, vestidos, casacos e conjuntos de saia e blusa trabalhados em crochê, com a mais variada cartela de cores – do preto, clássico neutro, ao vermelho, laranja, verde-bandeira e amarelo. Tudo bem tropical e leve, como é o nosso inverno.
Celebrando a diversidade cultural dos imigrantes brasileiros, a marca, que sempre exibe uma modelagem impecável em seus desfiles, apostou nas peças amplas e nos tecidos comfy, em meio a uma cartela de cores bastante democrática, cujos tons podem ser facilmente combinados entre si. As malhas, feitas em um rico trabalho de patchwork, promovem o bem-estar esperado em uma época de outono-inverno.
A praticidade da coleção se estende aos acessórios: amarrações para ajuste de mochila e cinto, bem como pochetes com grandes bolsos removíveis.
A passarela da marca de Oscar Metsavath representou, com louvor, o que a moda significa nos tempos atuais. Sua coleção, batizada de “ASAP”, teve o sentido de um manifesto, no qual a grife alerta para a confecção de peças de modo consciente. Seu inverno 2018 protagonizou a sustentabilidade, onde cada peça foi feita por mãos de trabalhadores de comunidades, visando geração de renda, e onde a matéria-prima escolhida é credenciada e autorizada pelo IBAMA (foi o caso da pele do peixe pirarucu e do salmão).
Seu inverno 2018 apresentou peças de apelo esportivo-comfy, modelagem que já faz parte do DNA da marca, entre calças amplas, maxicasacos, malhas e quimonos – feitos com algodão reciclado, outro material utilizado na confecção das peças. Malhas feitas de pet, casacos de naylon glass e bolsas e mochilas com aplicação em cristais Swarovski também fizeram parte da coleção.
Parceria é outra palavra de ordem da economia atual que reflete, é claro, no âmbito da moda. Não diferente, o SPFW também teve várias destas parcerias marcando presença nas passarelas – e uma delas foi entre Manolita e Pat.Bo. O inverno cool da marca de roupas de Patrícia Bonaldi recebeu a elegância dos sapatos de Manolita, entre modelos de botas, ankle boots e escarpins nos mais diferentes designs.
Do inverno 2018 de Pat.Bo podemos tirar como inspiração o xadrez Tartan e Príncipe de Gales, pomposos, no entanto, inseridos num contexto bem casual e irreverente, ao lado de babados e peças estruturadas. O estilo boho chic também deu levemente as caras, em meio a modelagens fluídas de calças e acessórios como o gorro que faz alusão a um turbante.
Outra marca, cujo conceito representou muito bem nosso momento atual na sociedade, foi a Cotton Project. Seu ideal “HOW TO LEAVE THE WORLD BEHIND” (como deixar o mundo para trás, em tradução livre), enumera algumas questões que podem cair por terra no momento em que passamos a analisá-las, entre elas: “é impossível se livrar da ansiedade, mas você pode mudar a forma como se relaciona com ela”.
Em um formato de escapismo real, a marca investiu na representatividade de um necessário equilíbrio entre a vida louca urbana e a calmaria de um ambiente rural, em peças de cores referentes à natureza – verde, tons de marrom, beges e crus -, com pitadas de cinza, lilás e mostarda. Das texturas utilizadas, forte presença da camurça, da pelúcia sintética, do jacquard, do moletom, do jeans, da sarja, do tricô e dos couros naturais.
Um dos fortes nomes do jeanswear da atualidade, a Amapô também teve como base de sua coleção a diversidade cultural, social e racial. Em uma divertida e irreverente apresentação, sua passarela do inverno 2018 foi marcada por um mix de referências pop dos anos 80 – como Madonna, Lady Gaga e David Bowie, com explosão de cores, ombros marcados e texturas envernizadas.
Presença também de uma pitada do estilo skatista, marcada pelos bermudões e casacos de tactel. Outro ponto forte e interessantíssimo da coleção: algumas de suas peças são de brechós, que foram reaproveitadas e confeccionadas para a apresentação.
Inspirada nos esportes invernais, como o esqui, a marca revisitou lugares como Aspen, Chamoix e Montblanc em suas peças para o inverno 2018. O branco é tom predominante nos looks, que apresentam modelagens que mesclam o street e o sportwear (trabalho já conhecido da marca), em um leve contraponto ao romantismo da era vitoriana, presente em alguns sutis acabamentos.
As formas geométricas dão passagem, também, para uma pegada futurista em alguns looks. Além do branco, a cartela de cores se divide entre o lilás, o verde água, o laranja-manga, o azul cobalto, o sal rosa e o off white.
E por aqui encerro mais uma cobertura da semana de moda paulistana. São quase 6 anos neste árduo trabalho que visa, além de informar sobre a vestimenta, o comportamento e o caminho que nossa sociedade vem tomando, já que moda é, indubitavelmente, um reflexo do que vivenciamos no dia a dia.
Nos vemos na próxima! Beijos,
Marcéli.
Para a alegria de uns e a tristeza de outros, o calor vai se despedindo e, o clima mais ameno, com ventinhos e chuvas, vem tomando lugar. As passarelas internacionais já apresentaram um vasto e diversificado leque de opções do que usar no outono inverno 2018 e, aqui, você confere uma pincelada geral daquilo que acredito ser mais bacana.
Vamos lá?
As conhecidas tramas que se cruzam, formando um harmônico joguinho de xadrez (que podem ser coloridos ou não), já têm cadeira cativa nas “maratonas” de inverno. Clássicos e democráticos, complementam os mais diversos estilos com bastante elegância. As ousadas podem até arriscar um mix de estampas!
A amplitude pega carona da veia sporty, que tomou conta de boa parte dos looks de verão, e se faz ainda presente nas produções invernais, em maxicasacos, calças, conjuntinhos e blusões. Aqui, conforto e aquecimento são as palavras de ordem.
Neutros têm seu espaço fixo nos looks de frio, mas, as cores vivas também entram em cena de novo – bom para quem gosta de variar. Roxo, laranja, vermelho, amarelo e azul são alguns dos tons que prometem aquecer seus looks outonais e tirá-los da monotonia.
Enquanto tem espaço para o despojado, tem lugar, também, para as engomadinhas. Golas-boneca, punhos abotoados, bordados, laços e transparências transformam o visual da temporada em uma produção pra lá de bonequinha.
Vale brincar com referências antagônicas no mesmo look, arrematando-o com jaqueta de couro e botas e vale, também, entrar 100% na vibe ‘menininha’ com minissaia, meia-calça e sapato de fivela.
Calças de modelo flare, mangas volumosas, franjas, tons terrosos, jacquard e acessórios de pegada etnico-artsy desenham lindamente referências dos anos 70, misturadas com western para o inverno 2018. Agora é o momento de imprimir uma elegância cool ao look!
Ainda concorrendo com o preto como tom atemporal queridinho, o branco segura firme e forte a premissa de que vale muito como cor única e elegante para um visual monocromático.
Com esse pequenino cardápio, já dá pra ter uma ideia da maneira que vamos nos apresentar ao mundo neste friozinho, não? Se surgir alguma dúvida ou uma sugestão legal, não hesite em me enviar um e-mail ou deixar um comentário.
Nos vemos na próxima! Beijocas,
Marcéli.
Um resumo das principais tendências para a temporada mostradas no SPFW n44.
Acompanhe minha ida até o SPFW em um dia corrido de trabalho!
Confira o line-up do SPFWTRANS N42, que começa neste domingo!