Muito tempo atrás, quando estudar fora do país ainda era só uma vaga ideia sem perspectiva, eu costumava ter uns pesadelos horríveis. Podem rir e julgar, mas eu tenho o péssimo "dom" (seria um dom?) de sonhar coisas que costumam acontecer – se não iguais ao sonho, muito parecidas. Quem vive comigo sabe.
E nestes pesadelos, eu me via em um lugar muito distante das pessoas que amo, como minha mãe, e me encontrava desesperada, em meio a vários terremotos, tsunamis e acontecimentos apocalípticos, enloquecida para me desvencilhar e voltar para perto dela, para minha casa, para meu santuário de proteção. Interpretações literais à parte, metaforicamente falando é justamente como eu me sinto agora.
MAIS: A cor branca na história da moda
Minha vida aqui tem sido uma montanha-russa de emoções. A diferença é que, na montanha russa, você sabe que existe o momento em que o brinquedo vai parar, apesar da fortíssima adrenalina. Aqui, eu não sei quando as emoções fortes param – e eu não estou falando no sentido positivo da coisa. É simplesmente impossível relaxar. Quando eu penso que tudo vai ficar bem, aparece outro problema, outra decepção, outra frustração. Não está fácil, gente. De verdade. Se você não tem um psicológico bom e estável, não viva esta minha experiência, conselho de amiga.
Bom, vamos ao dia de hoje. Felizmente eu posso dizer que tenho amigos legais aqui no meu alojamento. Os brasileiros dos quais me aproximei são pessoas extremamente inteligentes, divertidas e companheiras. Além de eu estar aprendendo muito com eles, são as pessoas que mais me entendem quando passo por apuros e são minha companhia nos finais de semana e dias livres. Eu sempre posso contar com eles.
Hoje, fomos a um piquenique no Regent's Park, local que eles já conheciam e eu não. É um parque lindo, pegado ao Primrose Hill (aonde fomos outro dia), e próximo a Camden Town. Apreciamos a paisagem de outono maravilhosa, comemos, conversamos, ouvimos música brasileira, para matar a saudade e, depois, fomos até Camden Town conhecer um pouco do mercado de rua e arredores.
O clima do lugar é algo contagiante. São pessoas estilosas por todos os lados, que expressam sua personalidade através das vestimentas. O cenário também é pra lá de interessante, com toda pegada hipster e o clima artístico do bairro. Eu tenho muitas fotos, então é claro que não postarei todas. Mas fiz um esforço para selecionar as melhores aqui, só para vocês terem uma ideia.
Eu ponderei muito se iria ficar estudando e fazendo trabalhos ou se saía com o pessoal. Mas já basta ter a cabeça lotada de problemas aqui, não vou me condenar a passar o fim de semana trancada no quarto, com a cara nos livros 24 horas por dia. Simplesmente, me recuso.
Eu preciso assimilar uma coisa, de uma vez por todas: NADA vai acontecer da forma como eu espero e como eu almejo. Eu preciso encarar os fatos friamente, transformar meu coração em um pedregulho e seguir com a minha vida como dá. Da forma que dá e pronto. Mas as coisas precisam melhorar, isso é fato. De um jeito ou de outro, elas vão.
–Counting down: 51 dias–
Marcéli Paulino
Me chamo Marcéli Paulino, nascida em 16 de Julho de 1988, e sou bacharel em Tradução e Interpretação, curso que iniciei com 17 anos! Um pouco antes de me formar, já me interessava muito por moda e sabia que queria estudar e atuar na área. Então, assim que peguei meu diploma, foi o que fiz: procurei formações na área, que era meu sonho…