Apesar de ser uma nomenclatura que sugere algo diabólico, um atipapa não é uma pessoa que luta à favor das forças do mal ou contra o cristianismo. O termo "antipapa" surgiu entre a politicagem da igreja católica, mediante uma reclamação que algum dos padres fazia durante o título de um Papa eleito, sobre alguma conduta da Igreja.

Por algumas vezes, o resultado do conclave sobre o Papa eleito era desconsiderado, mediante o apoio de alguns cardeais. Quando isto acontecia, uma nova votação era feita para a decisão final. Veja, abaixo, alguns exemplos ocorridos na história.

HIPÓLITO DE ROMA – O PRIMEIRO ANTIPAPA

Hipólito foi considerado o primeiro antipapa da época, opondo-se ao Papa Calisto I. Foi um dos principais teólogos do século 3 e, de acordo com o que se sabe, a oposição aconteceu em razão à não concordância de Hipólito com a conduta de Roma, que consistia em amenizar as penitências da igreja com o objetivo de conquistar novos fiéis pagãos. Posteriormente, Hipólito se reconciliou com a Igreja e chegou até a ser canonizado após sua morte.

NOVACIANO, O POLÊMICO

Este foi um antipapa polêmico do século 3. A 'briga' surgiu em volta do imperador Décio, que, na época, havia mandado perseguir os cristãos. Após o fim das perseguições, duas correntes políticas se dividiram em Roma, sendo uma apoiada pelo imperador e outra apoiada pelo sacerdote Cornélio: a primeira corrente, defendia que apenas os fiéis ao cristianismo durante as perseguições poderiam praticar a religião e a outra, defendia que todos deveriam ser perdoados e autorizados a praticar o cristianismo, sendo fiéis ou não. 

Cornélio, defensor da segunda corrente, tornou-se Papa e Novaciano tornou-se antipapa (e representante das intenções de Décio). A partir daí, os dois pasaram a disputar os fiéis, enviando representantes para as comunidades ao redor da Europa com o objetivo de divulgar suas respectivas ideias. Mediante a insistência de seu opositor, Cornélio convocou um sínodo (vulgo assembléia) para confirmar seu poder como Papa. Excomungou Novaciano e oficializou sua corrente política: todos que deixaram de ser cristãos por medo da perseguição do imperador poderiam ser perdoados e rebatizados.