Londres, dias 54 e 55: ataques terroristas, amizades falsas e férias iminentes

Eis que quando você se encontra na TPM, as circunstâncias parecem dar uma leve pioradinha, só para testar o seu autocontrole. Trabalhos que tomam seu tempo livre, resfriado que te impossibilita de sair de casa, ataques terroristas em países vizinhos – e ameaças dos mesmos no país em que você está, pior ainda, na cidade em que você está.

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[Snapsave meu de ontem no metrô, indo para a aula, quando o Sol finalmente apareceu – pena que a noite o tempo virou horrivelmente]

É, hoje não tá fácil. Mas, como eu me prometi olhar sempre o lado bom das coisas, por mais na merda em que elas estejam, eu vou olhar. Se não fossem as ameaças de ataque terrorista, por exemplo, eu possivelmente sairia hoje, ainda que meio resfriada, para dar uma espairecida – porque eu realmente estou precisando. Aí eu iria protelar meu trabalho cuja entrega é na terça, o que não seria bom, eu gastaria dinheiro ao invés de economizar para minha viagem por aqui antes de voltar ao Brasil (mais detalhes em breve!), enfim, eu certamente meteria os pés pelas mãos.

E também tem uma coisa: quando alguma circunstância me obriga a ficar reclusa, como estas que mencionei, minha libertação é tipo explosiva. A hora que eu me "libertar", meu Deus. Sai de baixo, porque vai ser "A" libertação. Ah se vai. Eu me conheço. E as férias chegam daqui a menos de um mês, Deus é pai. 

Outro ponto que gostaria de ressaltar: apesar de existir um lado inegavelmente difícil em estar longe de todos, é tão bom descobrir as "falsianes" da vida. Tudo, visto de longe, fica tão nítido. Quem você achava que era não é, quem você apostava que não era, é. De perto isso já acontece, mas de longe é algo gritante.

Você passa a ter um panorama cada vez mais explícito de quem realmente se preocupa com você e de quem está mais é querendo que você exploda. E não se iluda: a primeira turma é pequena. Mas eu diria que é super válida. Afinal, quem precisa de quantidade quando se tem qualidade? E a qualidade a gente aprende, ao longo da vida, que é rara. Então eu fico feliz com os raros. Podem ser poucos, mas são bons.

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[Clique na sala de aula, num intervalinho entre as apresentações de trabalhos, também snapsave]

Eu me preocupava muito em perder as pessoas com essa minha vinda para cá – ainda que, relativamente, rápida. Mas essa preocupação é tão imatura… todos os dias eu reforço a mim mesma que aqueles que se perderem de mim é porque nunca estiveram de fato ao meu lado. Às vezes a gente não quer aceitar essa teoria, porque ela é bem dura de ser encarada, mas é a pura verdade. E tem mais: não adianta lamentar por algo que nunca foi seu – no caso, as supostas amizades. 

Aqui, por exemplo, eu andava tão desiludida com a gentileza das pessoas que, vejam só, tenho recebido gentilezas dos meus colegas de classe. E muitas! Claro, querer gentileza dos professores já é demais. Mas parece que quando não esperamos por NADA, sempre acabamos por nos surpreender positivamente. Eu venho aplicando esse exercício no meu dia a dia e até que tem dado certo: não espere NADA. Não precisa esperar pelo pior; simplesmente, espere por nada. Nem pense, nem tente adivinhar o que pode acontecer. Seja ignorante, mesmo, pense só no agora – tipo "o que vou fazer para o jantar?". Preocupações complexas esgotam a nossa mente – a minha, ao menos, fica esgotada. 

Outro dia mesmo, conversando com estes meus colegas sobre a data em que retorno para o Brasil, ouvi de alguns deles: "mas você só vai de férias, né!? Depois volta??" No que eu respondi: "não, eu vou embora de vez". Eles pararam e me olharam com uma carinha de tristes e aquilo realmente me comoveu. Jamais esperaria essa reação, nem que eles pudessem cogitar sentir minha falta, com pouco tempo de convivência. Mas, pelo jeito, vão sentir. Que bom – e que ruim, também. Não quero mais partir meu coração com esta viagem, já deu. Risos.

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Moral da historinha de hoje: 1) fodam-se as falsianes, que fiquem no limbo que lhes pertencem; 2) não se mortifique porque as coisas não saíram como você queria e tire o melhor delas; 3) não espere nada das pessoas e encare o que vier. Não se acovarde, manda vir. Pode vir que eu enfrento, tipo isso. Não está fácil, mas uma hora fica. Eu consigo. Você também consegue.

Beijos!

Marcéli Paulino.

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