Movimento, criação, resistência, superação e inovação – essas foram algumas premissas que pude avistar com grande ênfase em cada canto dessa edição do SPFW. Com o tema Tran[SP]osição, sua locação deixa o parque Ibirapuera, anteriormente sede do evento, que passa a acontecer em uma fábrica desativada localizada na Vila Leopoldina, – a ARCA.
Além dos desfiles, algo de praxe em toda semana de moda, o SPFW contou com workshops, talks e exposições visando informar os frequentadores e a imprensa a respeito do novo formato que o mercado de trabalho assume ao longo do tempo – e como lidar com ele.
Uma das palestras da qual participei foi ministrada por Alexandre Pellaes, com o título “O Futuro do Trabalho e seu Lugar na Evolução”.
A nova infraestrutura do evento representa um clima de reinvenção e de consciência socio-ambiental. Os desfiles acatam essa proposta, também, dando continuidade à ideia através de suas coleções criadas com peças e práticas sustentáveis e com matérias-primas reutilizadas.
Independente de quaisquer modelagens, cores ou estampas, uma tendência é certa e se chama CONSCIÊNCIA. Como já falei em alguns posts por aqui, nos Stories do meu Instagram e até em coluna de revista, a releitura do evento que é tão questionada apresenta nada mais que uma importância além do visual. O glamour perdeu espaço para que a informação e a consciência coletiva tomassem conta.
Consequência da crise? Talvez. Mas, sem dúvida, um reflexo direto da necessidade pela qual passamos neste momento da história. E moda nada mais é que isso, né? Refletir o comportamento vigente na sociedade.
Dando continuidade ao seu projeto ASAP que, segundo o próprio designer, Oskar Metsavath, trata-se de “um manifesto em prol dos Oceanos, sob uma forma conceitual, estilística e concreta“, a marca traz à passarela, desta vez, referências náuticas unidas ao sportwear que já faz parte de seu DNA. A alusão da pescaria é feita através de uniformes de mergulho, com uso de matérias-primas como a seda de gaze e linho, a palha de seda, a lona eco, o couro de salmão e pirarucu e a palha de piaçava.
Para a fabricação das estampas, fez uso de materiais em parceria com a Casa do Cacete, que deu origem ao “floral light blue” e “floral deep blue”, retratando espécies de plantas encontradas na região de Santa Luzia do Itanhy; o ‘aratu blue’, uma homenagem aos principais meios de geração de renda da população ribeirinha e o ‘crasto fish blue’, ilustrando espécies de peixes encontrados na região do Crasto/Santa Luzia do Itanhy-SE, povoado da maioria dos ilustradores.
A cartela de cor permeia entre o off white, o natural, o ouro, o coral, tons de azul e o preto.
Aderindo à pegada sustentável que, felizmente, se torna cada vez mais presente nas semanas de moda, a grife criou uma collab com a marca de sapatos Manolita, que, em sua quinta vez consecutiva presente na passarela, apresentou uma sandália com trançado handmade e uma bota com o tradicional salto quadrado, ambos na cor caramelo.
A linha de sapatos foi feita com retalhos de couro reutilizados do ateliê de Patrícia Vieira que, em sua coleção, mostrou a delicadeza e a feminilidade nos comprimentos midi, acompanhados de uma pegada futurista na textura quadriculada e nos metalizados. A fluidez presente em vestidos e saias ganha equilíbrio nas formas retas de jaquetas e no couro recortado. Na cartela de cores, forte presença do rosa blush, do amarelo-ouro (grande tendência de cor em várias coleções), do vermelho terroso, do verde musgo e do prata e dourado metálicos.
Mais uma marca que se importa com o processo de criação de suas peças, a Beira faz questão de pesquisar, recorrentemente, por diferentes texturas, fibras e cores. Pela primeira vez, colocou na passarela peças em tecidos 100% linho.
Seus macacões e conjuntos em off white ressaltam a vibe “no gender”, outra forte tendência observada no mercado ao longo do tempo, sem falar no novo modelo de blazer, um híbrido chamado “Relaxed Pocket Blazer”, que agrega a elegância da peça tradicional em uma releitura mais descontraída e democrática. O foco das modelagens nesta coleção é a funcionalidade apresentada em peças de acabamento perfeito e confortável. Tudo que precisamos para o cotidiano.
Formando mais uma collab de sucesso para somar nesta semana de moda, João Pimenta Feminino e Vicunha se unem para lançar uma linha de denins sustentáveis, a Absolut Eco. A novidade se destaca pela redução de até 95% do consumo de água e até 90% do consumo de químicos na utilização da matéria-prima reciclada.
Protagonizada pelo algodão, a linha promete longevidade das peças graças à utilização de resíduos do processo produtivo e sobras de fios, que são desfibrados e retornam para a fiação. Desta forma, a passarela da coleção feminina da grife apresentou peças cheias de inovação por meio de babados e de volume. A feminilidade, no entanto, não é nem de longe perdida em meio ao lindo caimento e conforto proposto nessa coleção. Da cartela de cores, além do tradicional denim, presença do rosa blush, do branco, de tons terrosos – como o bege, o laranja e o amarelo – e o azul royal.
Baseada no documentário Hypernormalisation, a coleção da marca explora o conceito em que é possível decodificar a realidade da ficção em um cenário onde ambos andam perfeitamente misturados.
Como referência, transformou as modelos nas passarelas em verdadeiras turistas dos anos 60, com peças carregadas de hedonismo e códigos aspiracionais. A grife traz para sua coleção, também, collabs com a Visionari, a Bento Store, a Sprint Têxtil e a Beaué (para o segmento de make). Para ilustrar a década de 60 nos looks, presença do clássico modelo de óculos gatinho, de cortes retos, de tecidos leves e dos ares pop vintage das cores açucaradas mescladas aos tons mais fortes, entre looks monocromáticos e a tão em alta estampa de listras finas e verticais.
Outra grife que firmou colaboração com a Vicunha, a 2DNM – Two Denim -, apresentou em sua passarela a nova Metallic, uma linha premium exclusiva que traduz o conceito glam no jeans, através de índigos e brins fabricados com fios de lurex.
A coleção apresenta a técnica em conjuntinhos de calças e shorts, maxiblazers, malhas e tops, dando ao jeans um toque extra de sofisticação, que permite que os looks façam parte de eventos mais especiais para além da normalidade do cotidiano.
Como não poderia deixar de ser, a vibe natural e sustentável influencia a composição do look também através dos acessórios e da make.
Peças feitas com matérias-primas naturais, como a bolsa de palha, e maquiagens “nada”, com pele naturalmente iluminada e saudável, foram os traços mais marcantes nas coleções. Óculos de Sol ganham pegada esportiva e anos 60, reforçada nas armações gatinho, que já estão em alta, e dando espaço para os modelos tipo “máscara”, clássicos da vibe esportiva.
beijos e até o próximo resumão de tendências!
Marcéli
Me chamo Marcéli Paulino, nascida em 16 de Julho de 1988, e sou bacharel em Tradução e Interpretação, curso que iniciei com 17 anos! Um pouco antes de me formar, já me interessava muito por moda e sabia que queria estudar e atuar na área. Então, assim que peguei meu diploma, foi o que fiz: procurei formações na área, que era meu sonho…