Confira o line-up completo do SPFW N57, que estréia, finalmente, em locais novos.
Confira o calendário e outros detalhes dessa temporada de SPFW n55.
Um balanço das principais apostas mostradas na 54a semana de moda paulistana.
Confira as cores pelos corredores do segundo dia de evento – e as razões por cada frequentador tê-las escolhido.
As primeiras impressões e registros da 54a semana de moda paulistana.
Um balanço de todos os desfiles do SPFW n53 por Marcéli Paulino
Com vocês, a tão aguardada volta do SPFW no formato presencial, após quase 2 anos. Confira o line-up e mais informações!
Uma pincelada nas semanas de moda pelo mundo e as principais tendências da próxima temporada.
Marcada pela morte do modelo Tales Cotta, de 27 anos, a semana de moda paulistana teve muitos altos e baixos nessa edição.
O post da vez sobre o evento vai falar de tendências de moda, sim, mas, também de sugestões sobre melhorias que poderiam vir a ser feitas na estrutura do SPFWn47 – e são muitas!
Acompanhando, felizmente, uma linha cada vez mais democrática e inclusiva, as marcas da temporada fizeram bonito ao apresentar suas coleções [salvos uns detalhes em termos de estrutura de desfile]. Aqui, falarei das minhas favoritas.
A pompa de sua moda festa migra para a linha de beachwear, com muita fenda e com muitos recortes. A cartela de cores e as estampas passeiam entre o étnico e o lúdico, tanto para eles, quanto para elas, apresentando uma moda praia que dá vontade de usar e desfilar por aí, pra fora das passarelas.
Tem duas coisas que gosto muito nesta grife: uma delas, é a capacidade de criar looks andróginos muito atrativos; a outra é apostar em peças únicas que, além de muito práticas, estão super em alta no mercado atual (aka vestidos e macacões). Uma vez que vivemos correndo contra o tempo, é uma facilidade ter uma peça assim para vestir ao acordar de manhã cedo, com sono, e sem muita inspiração. Acompanhada de uma cartela de tons fechados, em um cinza chumbo, quase preto [representando o luto, talvez?], diria que essa soma de fatores formaram apostas certeiras da Beira.
Entrando de cabeça na vibe esportiva e nos anos 80, Bobstore não economizou no brilho e nas formas retas em sua coleção para o verão 2020. O Tropicalismo, que foi tema base para a elaboração da coleção, foi ilustrado através das cores quentes e da técnica de moulage em algumas peças, apresentando um verão cheio de boas referências e fácil de usar.
Gosto muito da irreverência que a marca sempre imprime em suas performances e da moda inclusiva na qual trabalha, aliando versatilidade à praticidade nas coleções – algo que, como esta, não foi diferente em suas formas retas e apelo confortável. No entanto, vale ressaltar o exagero de irreverência ao qual o(a) diretor(a) de desfile chegou, quando permitiu a platéia assistir ao desfile em pé e aglomerada. A meu ver, quando promovemos um evento, devemos pensar em como a audiência vai se sentir; tendo em vista que muitas pessoas presentes foram para registrar a coleção e não para “dar close”, e considerando que haviam pessoas de todas as idades, iclusive bem mais velhas, muitas delas já cansadas com o corre-corre da semana intensa de trabalho (quem trabalha ou já trabalhou em uma semana de moda sabe o quanto é exaustivo), a aglomeração e o zero conforto oferecidos pelo desfile passou a mensagem de falta de consideração com sua audiência.
Agregando o melhor da moda festa para o casual chic, a grife arrasou na passarela do SPFNn47 com suas ricas transparências, modelagens – godê e de um ombro só – e camadas de tule em contraponto a padronagens como o xadrez (reinventado), as listras a as t-shirts. Tudo muito usável e, ao mesmo tempo, elegante. Muito bom e coerente o trabalho de reutilização de tecidos do ateliê na criação das peças.
Boho-chic, romantismo e modernidade se encontram no verão 2020 da marca, que apostou fortemente nas formas fluídas e na modelagem ampla de shapes retos. A parceria com a marca de sapatos Manolita agregou sofisticação às produções bem pensadas, que deixam a mulher urbana pronta para qualquer ocasião do seu dia a dia.
A praticidade de formas retas em casacos, calças e conjuntinhos de short e camisa ganharam um equilíbrio muito bem-vindo de tons suaves, como o azul, o verde e o lilás. Gosto muito do apelo andrógino impresso em algumas marcas que desfilaram essa temporada e com Lucas Leão isso também acontece. A modelagem ombro a ombro aparece, inclusive, no guarda-roupa masculino, mostrando que o vestir pode e deve ser o mais versátil possível. Interessante a combinação dos chapéus feitos com mesmo tecido dos looks, tudo “combinandinho”.
Iniciando com um apelo militar-moderno e indo para uma cartela de cores mais alegre, Korshi seguiu a mesma tendência inovadora de modelagens democráticas, imprimindo não só o ombro-a-ombro para os homens, como também os croppeds. As produções bem-pensadas de vestidos, macaquinhos e conjuntinhos apresentam um equilíbrio de volumes, que varia entre a parte superior e inferior, favorecendo qualquer biótipo. Bem democrático e inclusivo, como a moda deve ser.
Encerrando com chave de ouro minha lista de desfiles favoritos, a LED arrepiou na união de moda inclusiva e manifestação política, num momento tão delicado em que estamos vivendo e onde ações como essa se fazem necessárias. A cartela de cores se apresentou invernal, com preto, branco, cinza e caramelo, salvos alguns tons de azul royal, laranja e verde oliva que apareceram pra colorir levemente a coleção. Destaque para as modelagens de apelo esportivo, para o tricô e as sobreposições, estampadas com frases irreverentes que tornavam os looks ainda mais desejáveis.
Falando em estrutura, aqui segue uma lista com algumas sugestões para melhoria da funcionalidade do evento como um todo:
Um beijo e até a próxima temporada de desfiles!
Marcéli
Movimento, criação, resistência, superação e inovação – essas foram algumas premissas que pude avistar com grande ênfase em cada canto dessa edição do SPFW. Com o tema Tran[SP]osição, sua locação deixa o parque Ibirapuera, anteriormente sede do evento, que passa a acontecer em uma fábrica desativada localizada na Vila Leopoldina, – a ARCA.
Além dos desfiles, algo de praxe em toda semana de moda, o SPFW contou com workshops, talks e exposições visando informar os frequentadores e a imprensa a respeito do novo formato que o mercado de trabalho assume ao longo do tempo – e como lidar com ele.
Uma das palestras da qual participei foi ministrada por Alexandre Pellaes, com o título “O Futuro do Trabalho e seu Lugar na Evolução”.
A nova infraestrutura do evento representa um clima de reinvenção e de consciência socio-ambiental. Os desfiles acatam essa proposta, também, dando continuidade à ideia através de suas coleções criadas com peças e práticas sustentáveis e com matérias-primas reutilizadas.
Independente de quaisquer modelagens, cores ou estampas, uma tendência é certa e se chama CONSCIÊNCIA. Como já falei em alguns posts por aqui, nos Stories do meu Instagram e até em coluna de revista, a releitura do evento que é tão questionada apresenta nada mais que uma importância além do visual. O glamour perdeu espaço para que a informação e a consciência coletiva tomassem conta.
Consequência da crise? Talvez. Mas, sem dúvida, um reflexo direto da necessidade pela qual passamos neste momento da história. E moda nada mais é que isso, né? Refletir o comportamento vigente na sociedade.
Dando continuidade ao seu projeto ASAP que, segundo o próprio designer, Oskar Metsavath, trata-se de “um manifesto em prol dos Oceanos, sob uma forma conceitual, estilística e concreta“, a marca traz à passarela, desta vez, referências náuticas unidas ao sportwear que já faz parte de seu DNA. A alusão da pescaria é feita através de uniformes de mergulho, com uso de matérias-primas como a seda de gaze e linho, a palha de seda, a lona eco, o couro de salmão e pirarucu e a palha de piaçava.
Para a fabricação das estampas, fez uso de materiais em parceria com a Casa do Cacete, que deu origem ao “floral light blue” e “floral deep blue”, retratando espécies de plantas encontradas na região de Santa Luzia do Itanhy; o ‘aratu blue’, uma homenagem aos principais meios de geração de renda da população ribeirinha e o ‘crasto fish blue’, ilustrando espécies de peixes encontrados na região do Crasto/Santa Luzia do Itanhy-SE, povoado da maioria dos ilustradores.
A cartela de cor permeia entre o off white, o natural, o ouro, o coral, tons de azul e o preto.
Aderindo à pegada sustentável que, felizmente, se torna cada vez mais presente nas semanas de moda, a grife criou uma collab com a marca de sapatos Manolita, que, em sua quinta vez consecutiva presente na passarela, apresentou uma sandália com trançado handmade e uma bota com o tradicional salto quadrado, ambos na cor caramelo.
A linha de sapatos foi feita com retalhos de couro reutilizados do ateliê de Patrícia Vieira que, em sua coleção, mostrou a delicadeza e a feminilidade nos comprimentos midi, acompanhados de uma pegada futurista na textura quadriculada e nos metalizados. A fluidez presente em vestidos e saias ganha equilíbrio nas formas retas de jaquetas e no couro recortado. Na cartela de cores, forte presença do rosa blush, do amarelo-ouro (grande tendência de cor em várias coleções), do vermelho terroso, do verde musgo e do prata e dourado metálicos.
Mais uma marca que se importa com o processo de criação de suas peças, a Beira faz questão de pesquisar, recorrentemente, por diferentes texturas, fibras e cores. Pela primeira vez, colocou na passarela peças em tecidos 100% linho.
Seus macacões e conjuntos em off white ressaltam a vibe “no gender”, outra forte tendência observada no mercado ao longo do tempo, sem falar no novo modelo de blazer, um híbrido chamado “Relaxed Pocket Blazer”, que agrega a elegância da peça tradicional em uma releitura mais descontraída e democrática. O foco das modelagens nesta coleção é a funcionalidade apresentada em peças de acabamento perfeito e confortável. Tudo que precisamos para o cotidiano.
Formando mais uma collab de sucesso para somar nesta semana de moda, João Pimenta Feminino e Vicunha se unem para lançar uma linha de denins sustentáveis, a Absolut Eco. A novidade se destaca pela redução de até 95% do consumo de água e até 90% do consumo de químicos na utilização da matéria-prima reciclada.
Protagonizada pelo algodão, a linha promete longevidade das peças graças à utilização de resíduos do processo produtivo e sobras de fios, que são desfibrados e retornam para a fiação. Desta forma, a passarela da coleção feminina da grife apresentou peças cheias de inovação por meio de babados e de volume. A feminilidade, no entanto, não é nem de longe perdida em meio ao lindo caimento e conforto proposto nessa coleção. Da cartela de cores, além do tradicional denim, presença do rosa blush, do branco, de tons terrosos – como o bege, o laranja e o amarelo – e o azul royal.
Baseada no documentário Hypernormalisation, a coleção da marca explora o conceito em que é possível decodificar a realidade da ficção em um cenário onde ambos andam perfeitamente misturados.
Como referência, transformou as modelos nas passarelas em verdadeiras turistas dos anos 60, com peças carregadas de hedonismo e códigos aspiracionais. A grife traz para sua coleção, também, collabs com a Visionari, a Bento Store, a Sprint Têxtil e a Beaué (para o segmento de make). Para ilustrar a década de 60 nos looks, presença do clássico modelo de óculos gatinho, de cortes retos, de tecidos leves e dos ares pop vintage das cores açucaradas mescladas aos tons mais fortes, entre looks monocromáticos e a tão em alta estampa de listras finas e verticais.
Outra grife que firmou colaboração com a Vicunha, a 2DNM – Two Denim -, apresentou em sua passarela a nova Metallic, uma linha premium exclusiva que traduz o conceito glam no jeans, através de índigos e brins fabricados com fios de lurex.
A coleção apresenta a técnica em conjuntinhos de calças e shorts, maxiblazers, malhas e tops, dando ao jeans um toque extra de sofisticação, que permite que os looks façam parte de eventos mais especiais para além da normalidade do cotidiano.
Como não poderia deixar de ser, a vibe natural e sustentável influencia a composição do look também através dos acessórios e da make.
Peças feitas com matérias-primas naturais, como a bolsa de palha, e maquiagens “nada”, com pele naturalmente iluminada e saudável, foram os traços mais marcantes nas coleções. Óculos de Sol ganham pegada esportiva e anos 60, reforçada nas armações gatinho, que já estão em alta, e dando espaço para os modelos tipo “máscara”, clássicos da vibe esportiva.
beijos e até o próximo resumão de tendências!
Marcéli