Londres, dia 22: é provável que alguns não queiram ler isso

Eu tenho que encarar alguns fatos na minha vida, definitivamente: um deles é que este trabalho com blog tem sido minha válvula de escape para não surtar. Então, quem curte ler histórias da vida real, dramas e desabafos, pode continuar me acompanhando, porque eu acredito que muitos posts serão nesta vibe.

Já para aqueles que curtem só 'mundinho cor-de-rosa', atitudes espalhafatosas e coisa e tal, melhor não ler este meu diário de viagem, pois você vai se desapontar.

MAIS: Diário de viagem – Londres, dia 21

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Clique do ursinho londrino – souvenir meu para minha mãe.

E falando em desapontamento, vamos lá: hoje não teve nenhuma novidade no meu dia em questão de turismo – como já havia dito que não iria ter durante a semana, provavelmente -, mas, sempre tenho algo para dividir. Antes de falar que uma professora me surpreendeu (a senhora ruiva!!) com sua gentileza e atenção, eu tenho uma lista de coisas para ensinar aqueles que, como eu, estão vivenciando [ou pretendem vivenciar] esta experiência de ficar um tempo fora do país.

Em relação a expectativas: se você acha que cultivá-las em seu país, perto das pessoas que ama, na sua rotina costumeira é ruim, quando a gente vai para um país estranho é 20 vezes pior. Tanto em relação ao próprio país em si, quanto em relação às pessoas que você "deixou". Nem todo mundo vai dar a atenção que você espera, a maioria está cagando e andando – para ser bem clara – para seu humor. Ninguém quer saber se você está chateada, ou muito feliz, ou muito ansiosa.

Ninguém liga muito, também, para os perrengues que você está passando. Você vai encontrar poucos solidários – tanto por aqui (no caso, Londres), quanto "em casa". Eu percebo que a maioria das pessoas com quem falo ou que vêm falar comigo, para perguntar como está aqui, não é por preocupação comigo exatamente, mas às vezes, por curiosidade. Triste e duro, porém verdade. 

A carência também é 20 vezes pior – 30, 40, eu diria. E nem todos estão preocupados com isso. Ninguém vai falar com você e te dar a atenção ou o carinho de que você precisa na hora em que você quer – a não ser seus pais. Ou seja: endureça o coração de todas as formas possíveis. Não é uma questão de se tornar fria e ruim, mas uma questão de sobrevivência, eu diria, nesta situação. Porque a vulnerabilidade emocional é tanta que até um "oi" diferente de alguém já te magoa. É ridículo, mas é verdade.
 
E de tanto apanhar, uma hora a gente acaba calejando. E aprende a bater, também. Independência e auto-suficiência é algo que a gente adquire com o tempo, com muito esforço e com perrengues também, claro, porque se a vida fosse fácil nós não precisaríamos ter pelo que lutar ou pelo que apanhar. E nem por que endurecer. 


Clique do look do dia [hoje eu consegui fazer!]: malha de tricô TNG, jaqueta H&M e saia Topshop.

Agora, a parte legal: minha tutora de Jornalismo de Moda, Judith, foi super gentil comigo hoje quando eu disse que era do Brasil. Ela chegou a perguntar quanto tempo eu estava (e eu disse que ainda não tinha um mês) e, também, se eu sentia falta de casa – o que eu respondi que sim, óbvio. Ela disse que era triste saber disso e pediu para os alunos da classe serem gentis comigo. Também disse que eu deveria procurá-la, se precisasse de algo. Depois de presenciar algumas patadas de alguns professores, eu realmente não esperava esta atitude, e isto me surpreendeu e me deixou feliz. 

Este é um claro exemplo do por que é bom NÃO criar expectativas. É aquela velha frase: crie qualquer coisa – porcos, galinhas, cavalos -, menos o lixo da expectativa. Vivendo e aprendendo!

MAIS: Como você lida com o fato de ser ignorado?

Beijos e até mais!

Marcéli Paulino

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