Até que ponto estar acompanhada é, de fato, ter uma [boa] companhia?

Reflexões e desabafos a respeito do que a sociedade nos ensinou sobre o que são ‘relacionamentos’.

Primeiramente, há muitas definições sobre ‘estar acompanhada’. Mulheres que regulam de idade comigo [por volta dos 30] provavelmente ouviram histórias românicas a respeito do “viver felizes para sempre”. Eu até posso até dizer que, em certo ponto de uma relação amorosa, a gente sente essa sensação quando tudo vai bem, mesmo.

Só que ninguém nos ensinou um importante detalhe: que o “príncipe encantado” ou a “princesa encantada” será outro ser humano NORMAL, com uma c@r@lh@d@ de defeitos, muitas vezes, com os quais nós não estamos acostumadas a lidar. E nem queremos lidar, afinal, ninguém é psicóloga, ONG, nem clínica de reabilitação, né?

E o fato de nos apaixonarmos por essa pessoa não a torna menos cheia de defeitos. Pois é. A diferença é que, em meio ao sentimento de paixão, ignoramos (ou nem enxergamos) estes defeitos que, futuramente, podem ser insuportáveis.

[Vou falar no feminino porque sou uma mulher escrevendo, prioritariamente, para outras mulheres, tá?]

relacionamento | machismo | feminismo | heterossexual | gostar de mulher | problemas sobre relacionamento

Hoje mesmo, li um meme engraçado que dizia assim: “minha comorbidade é gostar de homem“. Confesso que acharia isso mais engraçado se não estivesse com Covid neste momento; isso realmente me impede de achar total graça na piada, no entanto, não deixei de achar hilário.

Porque, às vezes, eu penso nisso, sabia? “Sorte tem quem gosta de mulher“. Vamos falar a verdade, vai? A gente é forte, inteligente, sabe fazer trocentas coisas ao mesmo tempo (mesmo não sendo obrigadas), temos instinto de cuidar – algo que faz com que os homens nos explorem, fato -, temos MUITO mais higiene, via de regra, entre outros montes de qualidades – incontáveis qualidades, SIM.

Eu sei que o tema desse post é sobre relacionamento, mas, tendo em vista que sou heterossexual e que dificilmente tive boas experiências com o sexo oposto, desculpem caras, mas, eu vou me reservar ao direito de falar um pouco mal de vocês. Ou muito.

Eu sei que até certo ponto a postura masculina é culpa de uma sociedade construída em cima do patriarcado. Mas isso não torna os homens inocentes, muito menos vítimas de sua postura e pensamento. Vítimas somos nós, mulheres!

Porque até o mais “bacaninha” dos caras vai ter, dentro de si, um – ou vários – dos seguintes pensamentos, sem se questionar por que os têm ou sem ter a iniciativa de descontruí-los:

  • “ela tem que se dar o valor”;
  • “ela precisa ser delicada”;
  • “eu preciso conquistá-la”;
  • “sou homem, tenho que tomar a iniciativa”;
  • “tenho que ser viril”;
  • “sensibilidade é coisa pra mulher”.

E por aí vai, haja estômago para citar todos aqui. E eu sei que não conheço todos os caras do mundo, então, vou falar pelos que conheci – SIM, todos eles têm ou já tiveram esse pensamento.

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E qual o problema desses pensamentos? O problema que conviver com uma pessoa que foi criada nessa mentalidade é UM SACO. Se o cara for um escroto, ele vai sustentar essa mentalidade como verdade absoluta e tratar a mulher como lixo (sim, já passei por isso).

Se for um cara legal – lê-se “legal” no padrão MACHO, ou seja, um cara que começa a ter ciência de que são mentalidades escrotas e tenta se policiar e/ou desconstruir isso – ensinar também é um saco, sabe?

Porque ao passo que a mulher precisa ser invencível para ser tida como “legalzinha“, basta o homem reconhecer que é um bost@ para todo mundo querer pegar no colo e falar “ounnn tadinho dele!“.

Tadinho – com o perdão da palavra – PORR@ NENHUMA. O cara que sabe que foi criado num meio machista e tenta se descontruir não faz mais que a obrigação. É como os brancos não quererem ser racistas. Sabe?

E eu digo isso por que? Porque muitas vezes romantizam relacionamentos como se “o cara fosse perfeito” só porque ele quer ser menos machista. Ou só porque ele não trai; ou só porque ele divide tarefas de casa. Em um momento da minha vida eu pensava que isso era sensacional também.

São tantos homens escrotos no mundo, que quando aparece um normal a gente acha que ele é o máximo, que ele é o pote de ouro no fim do arco-íris. Não é assim.

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A verdade é que isso NÃO PASSA DE UMA OBRIGAÇÃO. Ser fiel, ser companheiro, ter paciência, ser sensível… são coisas que qualquer pessoa que se relaciona com outra tem que fazer e ela/ele não merece um troféu, nem um busto em praça pública por isso.

VAMOS PARAR DE ACHAR QUE O MÍNIMO É O MÁXIMO E QUE ISSO SUSTENTA RELACIONAMENTOS. Porque não!

Não sustenta! Dividir uma vida vai muito além de fazer o seu mínimo. Quando você acha que está excelente, calma. Ainda tem muito que melhorar. Serve pra mim, serve pra você, serve para a pessoa que está ao seu lado… para todas e todos nós.

Por isso, voltando ao começo desse post e para finalizar: pense BEM sobre seu relacionamento e sobre a sua companhia, para além de romantismos. Essa companhia é realmente boa? Você realmente se vê a longo prazo com essa pessoa?

O que te agrega? O que você aprende com ela?? Há equilíbrio ou você se sente mais sugada e ensinando do que aprendendo e sendo suprida?

Vale refletir.

beijos com máscara.

Marcéli

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